Fernanda Soares
Fernanda Soares

04/09/2015, 15h


Entre janeiro e setembro de 2013, uma equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado (TCE) fez uma auditoria na saúde estadual e encontrou diversas situações que não são cobertas pela legislação. Desde então, o Tribunal vem cobrando da Sesap a correção de vários pontos.

Parte dos itens apontados pelo Tribunal de fato são irregularidades, como o uso do plantão eventual para completar a remuneração das chefias e direções, servidores cedidos e não encontrados no local de trabalho, etc. É dinheiro que deveria estar sendo investido na assistência e na valorização dos servidores.

No entanto, junto com estas correções, o Tribunal poderá criar grandes injustiças, afetando ainda mais o funcionalismo. A primeira delas é transferir o pagamento dos adicionais de insalubridade para as prefeituras. Além de não haver a garantia do pagamento – A Prefeitura de Natal, por exemplo, tem deixado de pagar até férias – os municipalizados correm o risco de perder o adicional na aposentadoria.

Outro ponto é a retirada de insalubridade de servidores que, segundo o TCE, estão em hospitais mas não teriam direito ao adicional. Para o sindicato, todos que trabalham em hospitais estão em condições insalubres, inclusive servidores do Serviço Social, da Nutrição, etc. Ao tentar corrigir situações de alguns servidores que estariam recebendo o adicional indevidamente, a Sesap pode atacar mais de 700 servidores da saúde. Em até 120 dias,a Sesap teria que apresentar laudos sobre estes locais de trabalho, provando que são condições insalubres.

Por último, o TCE ordenou que em até 30 dias a Sesap deixe de pagar plantões eventuais nas unidades que não trabalhem em jornada de 24horas, como a Unicat e a Junta Médica do Ipern. Apesar de precarizar as relações de trabalho, são estes plantões eventuais que permitem que a Unicat siga funcionando. Em 2014, a Unicat já perder uma parte das horas de eventuais e uma nova retirada vai aumentar a sobrecarga de trabalho e ameaçar inclusive o acordo de greve firmado em 2014.

O Sindsaúde solicitou uma audiência com o Tribunal de Contas do Estado, terá uma audiência com a Sesap na próxima quarta-feira (09), e fará uma reunião com todos os servidores que estão sendo atacados no dia 18, às 09h. "É um absurdo mandar parar de pagar a insalubridade dos municipalizados, por exemplo. A lógica do TCE e dos governos é enxugar os gastos, mas porque eles não começam pelos seus altos salários e mordomias?", questiona Simone Dutra, do Sindsaúde-RN.


Confira abaixo os ataques feitos pelo TCE:

  Item Principais ataques do TCE Prazo total de servidores Impacto financeiro

Pagamento do adicional de insalubridade a servidores que não estariam mais em
locais insalubres

Sesap terá que apurar situação atual e providenciar laudos sobre as condições de trabalho dos setores. Caso comprovado pagamento “sem o devido suporte fático e legal”, serão abertos processos para parar o pagamento.

120 dias

730*
(Destes, 63 estão nas sedes da Sesap e das Ursaps)

R$ 1 milhão e 640 mil
2 Pagamento de adicional de insalubridade aos servidores municipalizados (unidades e centros de saúde municípios)

Que os órgãos cessionários (Prefeituras) passem a pagar o adicional de insalubridade

Jan/2016

1.386
(Número desatualizado, sem contar o retorno ao estado)

2.607.478,63
3

Pagamento de plantões eventuais a servidores lotados em locais que não funcionam em regime de 24h ininterruptas

Suspensão dos eventuais

30 dias
após intimação

63*
(Total refere-se apenas a Unicat e Junta Médica Ipern)

258.535,56
   

Outras medidas determinadas pelo TCE

Prazo

Servidores

Impacto financeiro
4 Pagamento de adicional de insalubridade a servidores cedidos lotados em unidades/setores que não são da SESAP Que os órgãos cessionários (Ebserh, Apami, etc) passem a pagar estes adicionais de insalubridade Jan/2016 395 R$ 788.990,30
5

Pagamento de eventuais a servidores cedidos e lotados em unidades que não são de responsabilidade do Estado

Que os órgãos cessionários (Prefeituras, Ebserh, Apami, etc) passem a pagar por estes plantões eventuais

Jan/2016
Sesap diz que
já não paga

214

R$ 743.231,19
6

Pagamento de Plantões Eventuais como contrapartida pela ocupação de cargos e funções (chefias e direções)

Parar o uso de eventuais como contrapartida e garantir que as gratificações sejam definidas em lei

Jan/2016

492

1.001.766,75
(Valor potencial. Não apurado quanto desse toal pago em eventuais foi de fato cumprido)

7

Servidores em área de transferência recebendo salário

Apuração, com possível abertura de processo administrativo e punições  120 dias 167

 

Não divulgado
 8 Acumulação irregular de cargos públicos Abertura de Processo Administrativo Disciplinar (PAD) na Sesap Sem prazo 1.478*
227 com mais de 2 vínculos públicos

1.251 com carga horária superior a 60 horas semanais

 Não estimado