Nesta quinta-feira (05), mais uma vez, centenas de servidores lotaram o auditório do Sinsenat, para a assembleia unificada da greve. Nem mesmo o pagamento de 70% da folha, abrangendo todos os que recebem até R$ 2 mil, reduziu a participação. Muitos haviam recebido o salário nesta semana e estavam ali, na greve.
A assembleia começou com o informe dos sindicatos sobre a reunião com a secretária de Planejamento, Virgínia Ferreira, realizada no dia anterior. A Sempla informou que a Prefeitura não possui um calendário de pagamento, mesmo com atraso. Ou seja, o governo, apesar do que disse ao longo da campanha eleitoral, seguirá pagando com atraso e somente quando receber os repasses.

A secretária apresentou um resumo das receitas municipais e da folha de pagamento, para buscar justificar os atrasos. Os sindicatos questionaram os números apresentados, e pediram que fosse entregue a folha completa, para que possa ser estudada. Segundo o Sinsenat, os valores de várias secretarias não batem, como o da de Assistência Social (Semtas). Se fosse dividido o valor apresentado pelo total de servidores, a média salarial seria em torno de R$ 30 mil. Os sindicatos também questionaram o crescimento da folha, que em poucos anos teria saltado de R$ 52 milhões para R$ 72 milhões, sendo que a data-base não é cumprida há três anos e a maioria dos salários são baixos.
Os sindicatos apresentaram a proposta de um ato público unificado, na próxima terça-feira (10), às 08h, na Secretaria de Administação (Semad), na Cidade Alta, para exigir a entrega da folha de pagamento.
Saque na Previdência e cortes
A reunião na Sempla trouxe preocupações ainda maiores do que o atraso no pagamento. A secretária pediu a ‘ajuda’ dos sindicatos e afirmou que uma das medidas que poderia ser feita para ajudar a fechar as contas seria usar o dinheiro de um dos fundos da Previdência municipal, que está aplicado para a garantia das aposentadorias futuras.
A medida seria semelhante ao que foi feito pelo governo estadual, que sacou cerca de R$ 800 milhões do IPERN, desde dezembro de 2014, e não devolveu os valores, mesmo com a cobrança dos sindicatos e do Ministério Público Estadual. Assim como Robinson, a hipótese ventilada também previa a devolução dos valores sacados em um ano.
A secretária disse que o saque evitaria medidas ainda mais duras, como a redução da folha através da demissão de parte dos servidores, em especial os que cumprem estágio probatório, como os novos concursados da Semtas.
Os sindicatos recusaram sequer discutir a idéia de mexer no dinheiro da Previdência e querem estudar a folha para propor outras medidas. “Vamos cortar da terceirização, vamos mexer nos altos salários, vamos parar de pagar os aluguéis altos como o da Maternidade Araken”, defendeu Célia Dantas, do Sindsaúde-RN.
O Sinsenat tranqüilizou os concursados da Semtas sobre os riscos de demissão. Segundo o sindicato, o último concurso foi resultado de uma decisão judicial, que contou inclusive com a mediação do Ministério Público e a Prefeitura não poderia demiti-los.
Ao final, por unanimidade, os servidores aprovaram a continuidade da greve e o calendário de luta. Após o ato de terça na Semad, os servidores farão novo protesto na quarta e um debate na quinta, no auditório do Sinsenat.