No corredor que dá acesso ao Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, uma placa traz a mensagem: “A vida não tem preço”. No entanto, para salvar vidas, é necessário investimento. E foi com esse objetivo, que o Sindsaúde/RN, junto ao Dr. Marco Almeida, Coren, Sinmed, Cremern, Crefito e à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, realizou uma vistoria técnica no setor de queimados na manhã desta quinta-feira (21).
A iniciativa, solicitada pelos médicos da unidade, buscou evidenciar a realidade difícil enfrentada pelo maior Hospital do Estado, marcada pela paralisação das obras de reforma há mais de um ano. Na ocasião, também estiveram presentes o secretário de Saúde, Alexandre Motta, o diretor-geral do Hospital, Geraldo Neto e outros representantes do Governo. Todos se depararam com um verdadeiro cenário de caos.
O CTQ, referência no tratamento de queimaduras no estado, enfrenta hoje uma grave situação de precarização. A reforma, iniciada em agosto de 2024, foi abandonada pouco tempo depois, resultando em sérias perdas de espaço físico e de infraestrutura essenciais para o atendimento. Nesse sentido, a fiscalização denunciou publicamente a situação de abandono e cobrou providências urgentes dos gestores estaduais de saúde.
Entre os principais problemas apontados pela equipe do CTQ estão a transformação de um setor fechado em enfermaria aberta, o que compromete o controle de infecções, a perda do ambulatório, que prejudica o acompanhamento dos pacientes, e o fechamento das salas de curativos e de balneoterapia. Somam-se ainda a extinção do ginásio e da sala de reabilitação e a falta recorrente de insumos, lençóis e EPIs necessários para curativos e procedimentos cirúrgicos.
Durante a visita, alguns pacientes que já estiveram internados no CTQ foram convidados a relatar a importância e a necessidade do setor para a população. Entre eles, Paloma Galdino, que passou um ano internada na unidade, compartilhou sua experiência e se emocionou ao destacar o esforço e a dedicação da equipe médica. “Eu sofri um grave acidente em 2023, tive 60% do corpo queimado e ainda sigo em tratamento. O Walfredo Gurgel virou minha casa e hoje posso dizer que sou um milagre, graças à Deus e à vontade dos profissionais do CTQ em buscar a minha cura”, relatou Paloma.
O Sindsaúde/RN também lembrou nos danos que esses problemas estão ocasionando para os profissionais da saúde. “Eu trabalho no Walfredo há muitos anos e nunca vi essa realidade que está acontecendo hoje no CTQ. Além do que já foi falado aqui do prejuízo para a população, gostaria de dizer que os profissionais que trabalham aqui estão adoecidos. É um adoecimento físico, mas principalmente mental. Além disso, uma grande sobrecarga de trabalho, pois existe um déficit grande e, por isso, fazemos um apelo, mais uma vez, pela convocação imediata do concurso. Assim como colocar esse serviço para funcionar pelo bem da população e pelo bem dos profissionais”, afirmou Rosália Fernandes, diretora do Sindsaúde/RN.
Diante do exposto, o secretário de Saúde reconheceu que a empresa responsável pela obra não cumpriu o prazo estabelecido e informou que foi aberto um novo processo de licitação para a contratação de outra empresa. Segundo ele, o prazo estimado para a conclusão dessa contratação é de até 30 dias. Após a cobrança das entidades por maior celeridade, o secretário garantiu que o processo será disponibilizado para acompanhamento, permitindo que todas as etapas legais sejam fiscalizadas e que os prazos sejam devidamente cumpridos.