Fernanda Soares
Fernanda Soares

15/04/2021, 12h


Especialistas consideram que o Brasil passa pelo pior momento da pandemia. Nos últimos dias, o país vem registrando seguidos recordes de mortes diárias. No dia 6 de abril, o país registrou 4.211 mortes por Covid-19, batendo pela primeira vez a trágica marca de 4 mil óbitos anotados em um só dia. Como previram especialistas, o mês de março foi o pior desde o início da pandemia, com quase 60.000 mortos. Infelizmente, a previsão é que o mês de abril também seja marcado pelo luto de milhares de famílias brasileiras.
 
O aumento acelerado da contaminação pela covid-19 e as mortes causadas pelo vírus têm deixado especialistas bem preocupados, diferente do desgoverno de Jair Bolsonaro, que parece não se importar com as vidas de milhares de pessoas. A vacinação que já poderia estar avançada, caminha a passos tragicamente lentos. No Brasil, cujo Sistema Único de Saúde (SUS) tem capacidade de vacinar mais de 2 milhões por dia, pouco mais de 10% da população tomou a primeira dose desde o início da campanha. 
 
Ao não comprar as doses necessárias e atuar contra as medidas de contenção recomendadas pela ciência, Bolsonaro aplica uma política consciente e genocida contra a população. Já são mais de 362 mil mortes – quatro a cada cinco poderiam ter sido evitadas em 2021, com vacinação e lockdown, segundo afirmou o biólogo, pesquisador e doutor em virologia Átila Lamarino.
 
É necessário um lockdown nacional para frear a contaminação acelerada do novo coronavírus, como defendem especialistas da Fiocruz. Segundo a instituição, só a restrição total na circulação de pessoas pode interromper a disseminação da Covid-19. De acordo com o levantamento da Fiocruz, o vírus Sars-CoV-2 e suas variantes permanecem em circulação intensa em todo o país. Segundo os pesquisadores, foi observado ainda um novo aumento da taxa de letalidade, de 3,3% para 4,2%. Este indicador se encontrava em torno de 2,0% no final de 2020.
 
Novas Cepas da covid-19 e a gravidade da variante P1
 
No Brasil, há pelo menos três variantes que surgiram aqui e chamam a atenção: a P1 (de Manaus), a P2 (do Rio de Janeiro) e agora a N9. Mas, o que tem preocupado pesquisadores brasileiros é a variante brasileira, denominada P1. A P1 surgiu em dezembro de 2020 na cidade de Manaus, capital do Amazonas, mas só foi identificada como variante em janeiro no Japão, em viajantes que voltaram da região amazônica. Segundo especialistas, essa variante tem uma transmissibilidade até 8 vezes maior que a cepa original, e tem gerado uma doença mais grave, principalmente em jovens, que antes eram pouco comprometidos. 
 
"As variantes surgem principalmente pela pressão de transmissão. Ou seja, quanto mais gente transmitindo, maior a probabilidade surgir um vírus mutante. É um fator determinante para a ocorrência de modificações virais", afirma Bernardino Albuquerque, epidemiologista da Fiocruz.
 
Como se não bastasse todo o negacionismo e a sobrecarga dos hospitais, o Brasil possui outro agravante: a baixa taxa de sequenciamento genômico das variantes. Em outras palavras, poucos casos confirmados no país passam por uma avaliação molecular minuciosa. O Brasil sequenciou apenas 4 mil genomas em um universo de 12 milhões de infectados, o que representa 0,033% dos casos. No Reino Unido, essa taxa é de aproximadamente 5%.
 
É preciso lockdown nacional com garantia de auxílio emergencial digno!
 
Se somando à luta de entidades nacionais, como a CSP-Conlutas, o Sindsaúde/RN vem defendendo o lockdown nacional, com garantia de auxílio emergencial aos trabalhadores e pequenas empresas, para controlar a proliferação do novo coronavírus.
 
Para nós do Sindsaúde/RN, devido a política criminosa, negacionista e genocida de Bolsonaro, Mourão e de seus cúmplices , é necessário adotar como prioridade a contenção da propagação do vírus, com medidas de restrições de circulação de pessoas mais rígidas, como o lockdown. A defesa de auxílio emergencial de um salário mínimo e vacinação para toda a população.
 
Desde o ano passado, o lockdown é uma defesa do Sindsaúde/RN que já entrou com duas ações exigindo lockdown em Natal e na Região Metropolitana do RN. Para o sindicato, a situação em que se encontra a saúde pública é produto de opções políticas e econômicas equivocadas por parte dos governantes. Inclusive, os governos estaduais e municipais se tornam cúmplices de Bolsonaro, quando se recusam a aplicar medidas de restrição mais rígidas e flexibilizam decretos, como é o caso do governo de Fátima Bezerra (PT) e do prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), que retomaram a abertura gradual do comércio e das escolas. 
 
Enquanto fome avança, número de bilionários cresce no Brasil
 
Diferente do que Bolsonaro costuma bravejar em seus discursos, o Brasil não está quebrado. A revista Forbes divulgou no dia 6 de abril, o ranking dos Bilionários do Mundo de 2021. A lista, divulgada em meio à crise sanitária mundial, traz mais nomes do que a do ano anterior, tanto no mundo quanto no Brasil. Pois é, o que é tragédia para a maior parte da população é dinheiro no bolso para os “super-ricos”. Durante a pandemia, o Brasil fez 42  brasileiros bilionários, segundo o relatório Poder, Lucros e Pandemia, produzido pela organização Oxfam. 
 
Enquanto isso, a insegurança alimentar faz parte da mesa de mais da metade da população brasileira, cerca de 55%. A escalada da fome e o acúmulo de riquezas de um punhado de bilionários, é o contraste das políticas negacionistas de Bolsonaro, que após muita demora, anunciou um auxílio emergencial que mal dá para comprar uma cesta básica. 
 
Fora Bolsonaro e Mourão!
 
Por isso, para nós do Sindsaúde/RN é tarefa central das entidades classistas e de luta, defenderem o fora Bolsonaro e Mourão. É necessário fortalecer as lutas e a unidade de ação em defesa da vida, dos direitos de quem trabalha, de um lockdown nacional, auxílio emergencial de um salário mínimo e vacina para todos com quebra das patentes. Nenhum direito a menos. Nossas vidas importam!