Fernanda Soares
Fernanda Soares

30/11/2011, 19h


A Comissão Especial de Inquérito da Câmara Municipal que investiga os contratos da Prefeitura de Natal identificou aluguéis de dois imóveis com a mesma finalidade no conjunto Soledade I. O caso, identificado durante visita aos imóveis ontem, é muito semelhante ao que havia sido constatado na semana passada no bairro de Felipe Camarão. Tanto no conjunto da zona Norte quanto no bairro da zona Oeste, os imóveis foram locados pela Secretaria Municipal de Saúde para funcionar a unidade básica da comunidade. Outra coincidência é que nos dois casos, o preço dos aluguéis é semelhante. E curiosamente embora sejam dois imóveis para o mesmo fim, a casa que sedia a unidade de saúde é que recebe o valor mais baixo pela locação. Na manhã de ontem, os vereadores da CEI dos Contratos foram ao conjunto Soledade I. No local há dois imóveis, na mesma rua Santanópolis, alugados pela Secretaria de Saúde para abrigarem a unidade de saúde. A casa pelo qual o Executivo paga R$ 2 mil está alugada há três anos e nunca abrigou o posto de saúde. Já a outra casa, que custa por mês R$ 492, e cujas acomodações são menores, é onde estão as instalações da unidade de saúde. "Na casa que custa R$ 2 mil não há nem fornecimento de energia. Quando chegamos lá (na casa mais cara) havia um grupo de 30 pessoas em reunião com pessoas da Secretaria de Saúde", comentou a presidente da CEI, vereadora Júlia Arruda (PSB). Ela detalhou que nesse imóvel a piscina está cheia de lodo o que também representa um perigo iminente a saúde da população. No imóvel menor, onde funciona o posto de saúde, não há qualquer sinalização. "Não tem placa nenhuma, a única coisa que tem é a parede pintada de verde", detalha Júlia Arruda. Ela considerou muita "coincidência" as situações flagradas no conjunto Soledade I com o que havia sido visto em Felipe Camarão. Nesse bairro, os dois imóveis locados pela Secretaria de Saúde estão localizados na mesma rua. Pela casa maior, que está abandonada, a Prefeitura paga R$ 2 mil. Pelo imóvel menor o custo é de R$ 600. "São dois casos semelhantes, na mesma pasta (Secretaria Municipal de Saúde), o que mostra o descontrole, a irresponsabilidade com o erário. Diversas áreas estão sem pagamento, os aluguéis de prédios fechados e sendo pagos pela Prefeitura", disse Júlia Arruda. A CEI dos Contratos fará hoje a visita em imóveis locados pelo Executivo localizados na zona Oeste. A presidente da Comissão confirma para o dia 17 o início dos depoimentos, onde serão convocados gestores antigos e novos, e proprietários de imóveis. "Com os depoimentos vamos fazer os desdobramentos desses casos. Na próxima semana enviaremos as convocações", completou Júlia Arruda. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE tentou insistentemente contato com o secretário de Comunicação da Prefeitura de Natal para obter alguma explicação oficial sobre os contratos de aluguéis, mas ele respondeu apenas ao primeiro telefonema, quando foi informado o assunto a ser tratado com um representante do Executivo. Depois, não atendeu mais as ligações telefônicas.