Fernanda Soares
Fernanda Soares

21/05/2013, 16h


Um grande protesto tomou conta de Natal na manhã desta terça, 21 de maio. Cerca de 6 mil pequenos agricultores e trabalhadores rurais sem-terra de todas as regiões do estado vieram à Natal, para participar do Grito da Seca 2013. Eles protestaram contra os efeitos da pior seca dos últimos anos em todo o Nordeste, que destruiu cerca de 30% da safra deste ano e, durante meses, deixou milhares de municípios sertanejos em situação de calamidade pública. E exigiram políticas de apoio ao agricultor, renegociação das dívidas, reforma agrária, apoio aos assentamentos e universalização do acesso à água.

Com o lema “Sede de Água, Sede de Direitos”, os agricultores chegaram em dezenas de ônibus, erguendo um acampamento na sede da Governadoria, desde o dia anterior. O protesto foi organizado pelo Focampo, que reúne Fetarn, Fetraf, Asa, MST, MMM, MLB, MLST, CPT, Pastorais Sociais, CUT, CSP-Conlutas, Comitê Popular da Copa e Levante Popular da Juventude e tem o apoio de diversos movimentos sociais do campo e da cidade e de parlamentares, como o deputado estadual Fernando Mineiro (PT) e os(as) vereadores(as) de Natal Amanda Gurgel (PSTU), Sandro Pimentel (PSOL) e Marcos Antonio (PSOL).

Ao protesto dos agricultores, se somaram outras mil pessoas, entre integrantes de sindicatos e estudantes da Revolta do Busão, do DCE-UFRN, da ANEL e da UNE, que decidiram unificar o ato. O local da concentração, marcado inicialmente para o Viaduto de Ponta Negra, foi transferido, após a decisão de um juiz autorizando o uso da força policial para impedir o bloqueio da BR-101.

Diante da ameaça de uma violenta repressão, como a que ocorreu na semana anterior, os organizadores do Grito da Seca decidiram desviar o percurso. Um grupo permaneceu concentrado na Governadoria, onde se encontraram com os cerca de 600 estudantes e saíram em passeata até a Central de Abastecimento (Ceasa), na Av. Capitão-Mor Gouveia, onde manifestantes da Fetarn já estavam concentrados.

Juntos, fizeram uma grande manifestação, parando o trânsito das ruas próximas ao Arena das Dunas, e seguindo pela Prudente de Morais, até a sede do governo estadual. Estudantes chegaram a propor que a passeata fosse até a BR, mas não foram atendidos pela direção da Fetarn. “Somos sete mil pessoas. É o momento de tomarmos as ruas. Quem vai nos reprimir?”, questionou uma estudante, em direção ao carro de som.

Na governadoria, teve início um ato contra o governo Rosalba, com diversos oradores. Pelo Sindsaúde, falou o diretor Edgar Aurino, que responsabilizou a governadora pela situação dos hospitais e pelas mortes. “Nós, trabalhadores da saúde, é que temos de escolher os que vão ter acesso a uma UTI e os que vão simplesmente morrer. Mas não somos nós os responsáveis por isso. É este governo!”, denunciou. Ele defendeu o Fora Rosalba, sendo bastante aplaudido.

O Sindsaúde participou da manifestação, com diversos diretores. “Este ato unificado foi muito importante. Aqui exigimos o acesso à dois direitos básicos dos trabalhadores: água e transporte. Esse é o caminho. Somente unidos os trabalhadores, do campo e da cidade, poderão derrotar estes governos”, afirmou Simone Dutra, coordenadora-geral do Sindsaúde.