Os servidores do Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, estão sofrendo com a falta de pessoal e a sobrecarga de trabalho. Assim como o Walfredo Gurgel, os corredores do hospital são utilizados como enfermarias, com pacientes em macas, com cartazes acima de cada uma, com seus nomes. A Clínica Médica se estende pelos corredores.
Na quinta-feira (11), os servidores se reuniram com o Sindsaúde, no auditório do hospital. “Não temos nem como ir ao banheiro”, afirma uma técnica de enfermagem, que prefere não se identificar. “Estão montando a escala com gente que está afastada, apenas para constar. É uma escala fictícia, porque já se sabe que vai faltar gente”, denuncia.
Segundo os servidores, há pelo menos sete pessoas de atestado médico no hospital, o que agravou a sobrecarga. “Nesta semana era 09h e não tinha ninguém para me render”, contou uma técnica. “Trabalhamos ontem sem enfermeiros. Mandaram uma estudante pra cá”, contou outra.
A sobrecarga é agravada pela intransigência de gestores, que dificultam trocas e apelam para o remanejamento indiscriminado de servidores entre os setores, mesmo no meio do plantão. Uma servidora foi mandada pra casa, porque se recusou a trocar de setor, faltando poucas horas para o final de seu plantão e foi ameaçada.
Diante da falta de pessoal, a Sesap e a direção do Deoclécio tem se negado a preencher as lacunas na escala com plantões eventuais. A política tem sido adotada desde setembro, justificada pela falta de repasses para a saúde. “Em setembro, alertamos que o corte geral de eventuais iria provocar essa situação. Reivindicamos que onde houvesse necessidade, déficit, plantões fossem mantidos, até novas convocações. Isso não foi feito e estão colocando os servidores daqui em uma situação insustentável. Ainda por cima, estão sendo intransigentes e ameaçando servidores”, afirma Egídio Jr, vice-coordenador do Sindsaúde-RN.
Em abril, o Deoclécio possuía um déficit de 108 técnicos de enfermagem, 34 enfermeiros, 8 farmacêuticos e 15 técnicos de análises clínicas, sem contar o percentual de 20% que deveria dispor o hospital, para o caso de faltas, adoecimentos e férias. Em agosto, por decisão judicial, a Sesap foi obrigada a convocar 165 servidores, incluindo médicos. No entanto, os servidores denunciam que o déficit permanece, pois nem todas as vagas teriam sido preenchidas e muitos dos que se apresentaram já pediram baixa do Estado.
O Sindsaúde vai solicitar uma reunião com a Sesap e a direção do Deoclécio, para discutir o problema. “Queremos saber o déficit atual no Deoclécio, quantos de fato estão faltando, e uma resposta para a situação dos servidores. Eles não podem continuar agindo como superheróis, atendendo 20 pacientes ao mesmo tempo, o que é impossível”, afirma Paulo Martins, diretor do Sindsaúde-RN.