A Prefeitura de Natal revive a ditadura e, assim como outros governos, trata greves como se fossem crimes. O secretário Cipriano agora acha que o servidor que faz greve tem que repor. Por isso descontou até R$ 1.600 no salário e quer repetir a dose.
O Sindsaúde vai continuar lutando na Justiça para que a Prefeitura devolva o dinheiro descontado e fará um ato público no TJ, no dia 27. Mas, como não se pode confiar na rapidez e na decisão da Justiça, não podemos deixar que os servidores que foram descontados, que lutaram por todos, fiquem sozinhos, enfrentando dificuldades.
Por isso, a nossa assembleia do dia 14 aprovou que estes servidores terão o dinheiro de volta, até a decisão da Justiça. Para isso, a maior parte virá do próprio sindicato, mesmo que tenha que tomar empréstimos. Como o valor é muito alto, foi aprovado ainda um aumento temporário de 0,25% na mensalidade sindical, por quatro meses. Os servidores que não concordarem com a taxa de solidariedade, poderão reaver o valor descontado a mais.
Quem assinou, foi com a faca no pescoço
Carlos Eduardo Alves e Cipriano Maia impuseram a reposição dos dias, mesmo negada pela Justiça. Depois, a SMS buscou um a um os servidores, ligando para celulares fora do horário de trabalho, pressionando para que todos assinassem um acordo, aceitando repôr os dias.
Até mentiras foram ditas, como a de que a greve teria sido declarada ilegal ou que os sindicatos teriam assinado o acordo para a reposição.
A maioria das 520 pessoas reuniu forças e recusou o ‘acordo’. Mesmo quem assinou, o fez com a faca no pescoço, preocupado com contas a pagar, com familiares. Compreendemos a situação destes colegas e chamamos a que desconsiderem o acordo assinado. O importante nesse momento é a união e solidariedade da categoria - de quem assinou, não assinou, até de quem não participou efetivamente desta greve - para as próximas lutas.
‘A Prefeitura não vai nos calar!’
Célia Dantas, diretora do Sindsaúde
“O desconto nos salários foi político. O motivo? Os servidores da saúde voltaram a lutar: Desde 2013, foram vários atos e greves. Isso não interessa à Prefeitura, que prefere sindicatos ‘parceiros’. Após a greve deste ano, a Prefeitura resolveu nos punir, para evitar novas greves. O desconto foi para que a gente fique com medo de lutar, para que a gente ande de cabeça baixa. Aceitar a reposição do dias seria admitir que não se pode mais lutar. Estariamos dando um cheque em branco para que, em toda greve, o governo queira descontar dias. Por isso dissemos não.”