Fernanda Soares
Fernanda Soares

08/03/2024, 09h


Uma semana antes do oito de março de 2024- Dia Internacional da Mulher- uma influencer brasileira foi vítima de um estupro coletivo na Índia. O caso de Fernanda Santos já é absurdo, mas a repercussão da violência tem sido ainda mais cruel. A vítima vem sendo atacada nas redes sociais por pessoas que afirmam ser culpa dela “ter se colocado em perigo” em um país onde os estupros são subnotificados, justamente porque as vítimas têm medo de denunciar e, quando denunciam, enfrentam as dificuldades impostas pela própria polícia e a morosidade da Justiça. Infelizmente, faz parte da cultura do estupro culpabilizar a mulher vítima de violência.
 
Voltando ao Brasil, mais precisamente no Rio Grande do Norte, a edição de 2023 do Atlas da Violência mostrou que, em 10 anos, o estado teve a terceira menor taxa de redução de feminicídio entre os 17 estados do país que apresentaram queda no índice. O índice está abaixo, ainda, da média nacional de -19,7% mesmo o estado tendo à frente uma mulher, Fátima Bezerra (PT). Nesse contexto, na última semana,  a advogada Andreia Teixeira foi assassinada a tiros em Nova Parnamirim pelo ex-companheiro que não aceitava o fim do relacionamento
 
Tais fatos são apenas pequenos recortes da violência estrutural a qual mulheres estão submetidas e demonstram o quanto os avanços já existentes ainda são poucos perto do que ainda há para se enfrentar, principalmente pela passividade em que os governos lidam com a temática. É preciso lembrar, por exemplo, que o governo Lula (PT) manteve o corte de 90% no orçamento de políticas para mulheres, promovido pela gestão Bolsonaro, e reduziu ainda mais as verbas para esse ano. Além disso, governos como o de Álvaro Dias (Republicanos), em Natal, sucateia maternidades, deixa crianças que têm mães trabalhadoras sem acesso a creche e obriga mulheres a darem a luz subindo escadas. No país todo, a mão de obra feminina também segue sendo desvalorizada no mercado de trabalho e as mulheres ainda recebem um salário 22% menor em comparação com homens. 
 
Não tem como fechar os olhos para essa realidade e o Sindsaúde/RN sempre esteve engajado na luta contra o patriarcado e em defesa da vida, não só das trabalhadoras da saúde, como de todas as mulheres. É necessário compreender que a luta das mulheres deve ser abraçada por todas e todos e que o machismo deve ser combatido diariamente. A CSP-Conlutas, por sua vez, em 2024 faz um chamado claro e urgente: “Trabalhadoras pelo fim da violência de gênero, do trabalho precarizado e pela legalização do aborto. Contra as privatizações e o genocídio palestino”.
 
Não só no oito de março, mas em todos os dias do ano, queremos ter direito à vida, remuneração digna, equidade de direitos, liberdade e controle dos nossos corpos. São as mulheres, seja através do cuidado ou da força de trabalho que mantém a sociedade funcionando e, por isso, merecem parar de lutar para sobreviver. 
 
Nem presas, nem mortas e muito menos violentadas. Pela queda do patriarcado! Pelo nosso direito de viver!