Um mundo de fantasia. É assim que os servidores do Walfredo Gurgel reagiram diante da simulação realizada na manhã desta sexta (28) no hospital, em um intercâmbio com a Alemanha, país que já sediou a Copa do Mundo. O corredor da urgência e as salas estavam completamente vazios, contrastando com o que se vê normalmente. Na quarta-feira, (26), o mesmo corredor estava completamente lotado de macas com pacientes aguardando atendimento, em um cenário de guerra. “Fizeram uma maquiagem. De que adianta uma simulação desse jeito?”, perguntou uma servidora.
VEJA A GALERIA DE FOTOS DO ATO
Do lado de fora, uma grande comitiva, incluindo o secretário de saúde, Luiz Roberto Leite, representantes do Ministério da Saúde e da Alemanha, acompanhavam a simulação. “Nunca vi tanta ambulância e carro do Samu”, disse uma servidora. “Olha quanta maca... onde elas estão quando a gente precisa?”, perguntou outra.
Os servidores, em greve há 9 dias, protestaram do lado de fora, cantando palavras de ordem contra a Copa do Mundo. Um cartaz chegou a ser feito em alemão, perguntando à comitiva estrangeira “Como salvar vidas sem dois mil servidores nos hospitais?”. Acompanhantes e até pacientes também se juntaram ao protesto e muitos cobraram providências diretamente às autoridades presentes e usaram o microfone para desabafar.
Já no fim do ato, uma ambulância de Goianinha chegou trazendo um paciente. Ao mesmo tempo, uma UTI móvel do SAMU retirava uma maca com um ator, como parte da simulação. E nada de providenciarem o atendimento ao paciente “de verdade”. Mais de um minuto de espera depois, os servidores iniciaram uma contagem em voz alta, somando então mais 40 segundos. Logo depois, outra ambulância da simulação chegou e o paciente foi removido em 20 segundos.
“Isso aqui é o mundo real. Temos servidores atendendo até 20 pacientes ao mesmo tempo, macas nos corredores, pacientes em casa esperando e tendo seqüelas... Enquanto a governadora gasta com a Copa do Mundo, a população não tem o seu direito à saúde garantido. Por isso somos contra os gastos com a Copa”, afirmou Egídio Júnior, vice-coordenador-geral do Sindsaúde.
LEIA TAMBÉM
Encontro nacional marca ato na abertura da Copa do Mundo