Segundo nota divulgada neste domingo (23) nos jornais de grande circulação, o Ministério da Saúde anuncia que ingressou na Justiça Federal ação de ilegalidade da greve dos trabalhadores da saúde federal iniciada em 03 de fevereiro, por risco de desassistência à população.
Este mesmo que é responsável por: subfinanciar, cortar e desviar verbas da saúde pública; financiar o setor privado; executar em 2013 menos da metade, do já escasso, orçamento para a saúde pública; terceirizar serviços e permitir contratados fraudulentos. Além de desabastecer as unidades de profissionais, ao não realizar concurso por quase 10 anos; manter a tabela salarial mais defasada do executivo federal, com os salários baseados em gratificações, as quais, em sua maioria perdem-se no ato da aposentadoria e que sequer aplica o Plano de Cargos Carreiras e Salários (PCCS) para o setor, causando uma evasão de profissionais e obrigando aos que permanecem a manter mais de um emprego para assegurar o sustento de suas famílias. E que quer a todo custo implementar seu “sonho de gestão” com a entrega da rede federal para as mãos dos empresários da saúde por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares e sua subsidiária Brasil Saúde, etc ...
Quem é o responsável pela falta de atendimento? Pela população ser obrigada a recorrer a iniciativa privada? Pela falta de humanização no SUS, onde pacientes são atendidos no chão ou em bancadas improvidas? Pelas unidades sucateadas, que sofrem com a falta insumos, equipamentos, medicamentos e profissionais? Por pacientes que demoram anos numa fila para a realização de uma cirurgia? AFIRMAMOS QUE O RESPONSÁVEL PELA DESASSISTÊNCIA À POPULAÇÃO É O GOVERNO, O MINISTÉRIO DA SAÚDE! E NÃO OS TRABALHADORES QUE LUTAM PELO SEU DIREITO, PARA NÃO TEREM SUA JORNADA DE TRABALHO AUMENTADA E SEU SALÁRIO REDUZIDO!
A nota do Ministério da Saúde além de ser uma jogada de marketing, É IMORAL E HIPÓCRITA não resolve a situação, mas visa jogar a população contra nós, trabalhadores. Uma vez que mesmo sendo prejudicada pela paralisação parcial dos atendimentos, tem demonstrado grande apoio e solidariedade a nossa luta, pois a população conhece nosso trabalho, e para, além disso, é quem mais sofre com o caos da saúde pública causada pelos governantes.
A nota diz que a jornada de trabalho de 30 horas aplicada apenas aos trabalhadores de turnos ininterruptos traz benefícios e asseguram direitos, MENTIRA! A verdade é que esta restrição retira de milhares de trabalhadores da saúde federal um direito de mais de 30 anos, fruto de um acordo com o governo, em detrimento da correção de nossa tabela salarial.
Assim como, maldosamente distorce a crítica que fazemos ao ponto eletrônico, para que a população pense que não queremos trabalhar. Nós servidores, não somos contra o controle de frequência, ao contrário, somos pagos pelo dinheiro público para trabalhar! Contudo, este controle SEMPRE existiu, exceto para os apadrinhados pelas direções e pelo próprio governo, os quais manterão seus privilégios, visto que, Ministério da Saúde já assumiu que as direções terão os seus “liberados de ponto”. O questionamento é instituir um controle de frequência que não dialoga com a natureza e a realidade dos serviços de saúde, pois não operamos máquinas, mas cuidamos de seres humanos, salvamos vidas e muitas vezes precisamos de mais de um emprego e com isso, é necessário maior flexibilidade, tal imposição levará ao adoecimento e saída dos servidores do SUS, e assim, abrirá caminho para o governo privatizar, prejudicando duplamente a população. Se o governo quer exclusividade, é simples, nos pague o suficiente para a dedicação exclusiva.
A jornada de trabalho de 30 horas semanais é uma luta histórica dos trabalhadores da saúde, e essa é uma recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS), visto que, pelo objeto de nosso trabalho – seres humanos - lidamos todos os dias com a dor, sofrimento e o limite entre a vida e a morte, e por vezes, devido à negligência do governo com o SUS nos é imposto a decisão de optar por quem vai viver ou morrer. Somos exigidos, precisamos ser responsáveis e dedicados, sofremos e adoecemos devido ao intenso desgaste físico e psicológico. PORTANTO, DEFENDER ÀS 30 HORAS PARA OS TRABALHADORES DA SAÚDE É A GARANTIA DE MELHOR ATENDIMENTO A POPULAÇÃO, SEJA NA SAÚDE PÚBLICA OU PRIVADA.
Se o governo quer resolver a situação, é simples: NÃO RETIRE NOSSO DIREITO! NÃO AUMENTE NOSSA CARGA HORÁRIA, SEM AUMENTAR NOSSO SALÁRIO E REGULAMENTE A JORNADA DE 30 HORAS PARA OS SERVIDORES DA SAÚDE FEDERAL, SEM DIVISÕES.
Esta nas mãos do governo, Ministério da Saúde e do Planejamento, resolver essa situação e normalizar o atendimento à população, basta negociar de verdade, ao invés de nos atacar, aliciando os sindicatos de categoria a agirem como seus porta-vozes, promovendo falsas assembleias que desrespeitam a autonomia e o direito à greve dos trabalhadores; ou, veicular nota na grande imprensa para manipular a população contra nós e onde ANUNCIA A CRIMINALIZAÇÃO DA GREVE. Não temos mais ilusões nesse governo, sabemos que não nos representam e não estão ao nosso lado, e sabemos que outros ataques virão, mas nós trabalhadores da saúde federal, não daremos um só passo atrás até que o dito governo dos trabalhadores recue de atacar o nosso direito e regulamente a jornada de 30 horas para todos, sem divisões!