O Movimento Mulheres em Luta-MML/RN e o Sindsaúde/RN vem a público manifestar seu mais profundo repúdio à brutal agressão e tentativa de feminicídio sofrida por Juliana Soares, no último sábado (26), cometida por seu então namorado. O caso veio à tona apenas na manhã desta segunda-feira (28), após a divulgação de um vídeo estarrecedor, no qual o agressor desfere mais de 60 socos no rosto da vítima dentro de um elevador. O agressor foi identificado como o ex-jogador de basquete Igor Eduardo Pereira Cabral, de 29 anos.
É revoltante e inaceitável que continuemos a presenciar cenas de violência machista como essa. Juliana, como tantas outras mulheres, teve seu corpo e sua dignidade violentados por um homem que achou ter o direito de agredi-la. O resultado da covardia é um rosto desconfigurado, dor física, trauma psicológico e procedimentos cirúrgicos para tentar reconstruir não apenas a face, mas também a autoestima e a vontade de viver. Como forma de justificar o injustificável, em seu depoimento o agressor disse que teve uma crise claustrofóbica e que é autista. Para nós do MML e do Sindsaúde/RN, é lamentável que ele utilize de pautas importantes para buscar respaldar seu crime.
Infelizmente, o Brasil enfrenta uma verdadeira epidemia de feminicídios. A cada dia, quatro mulheres são assassinadas simplesmente por serem mulheres. Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado na última quinta (24) apontam que as tentativas de feminicídio aumentaram 71% entre 2023 e 2024, no RN. Eram 39 casos em 2023 que saltaram para 67 em 2024. E o problema da violência contra a mulher persiste quando se avalia os dados da violência doméstica, que aumentou 3%. Foram registrados 1.178 casos em 2023 e 1.221 em 2024. Segundo a Secretaria de Comunicação Social no Portal Gov, em 2024, o Ligue 180 recebeu 10.276 chamadas de mulheres no RN, mas só 1.574 viraram denúncias.
Até quando nós mulheres teremos que lutar para sobreviver? Até quando a sociedade será tolerante com esse tipo de crime? É urgente que o agressor seja responsabilizado com todo o rigor da lei. Não aceitaremos que a impunidade continue sendo cúmplice do machismo, que atravessa nossas vidas. É preciso dar um basta à opressão machista e ao sistema capitalista que se alimenta e lucra com a nossa dor e com a nossa exploração. A violência contra as mulheres não é um caso isolado. É parte de um sistema que nos quer silenciadas, submissas e com medo. Por isso, a luta contra o capitalismo é parte da luta contra o machismo!
Reafirmamos que a culpa nunca é da vítima! Juliana não está sozinha. Diante da grave agressão, amigos e familiares estão fazendo uma Vakinha para ajudar a custear os procedimentos que a mesma precisará se submeter. Toda solidariedade é importante, por isso segue o ID da Vakinha: 5644597 e a chave PIX: 84998091158, em nome de Danúbia Karla Oliveira. Estamos com Juliana, como estamos com todas as mulheres que enfrentam e resistem à violência de gênero todos os dias. Seguiremos em luta, por justiça para Juliana e por uma sociedade livre de violência, exploração e opressão. Uma sociedade socialista!