Nesta quarta-feira, 27, o Sindsaúde promoveu um ato no Hospital Regional Deoclécio Marques, em Parnamirim, contra o fechamento da pediatria. A pediatria do hospital será fechada no fim deste mês, conforme nota divulgada pela Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), nesta terça-feira. O ato também denunciou a sobrecarga dos servidores do hospital, com até 20 pacientes por técnico de enfermagem.
A medida agrava a situação do atendimento infantil no estado. Ainda mais porque o município de Parnamirim não tem sequer previsão de abertura da sua UPA. Na prática, a população terá que procurar atendimento em Natal, no Sandra Celeste e em outras unidades, já com atendimento precário.
Além do Deoclécio, a Sesap anunciou ainda o fechamento da pediatria do Santa Catarina, que só irá atender até o final da escala de dezembro. Nos últimos meses, por falta de médicos, a escala só tem chegado até o dia 20.
“Este é o presente de Natal que a governadora Rosalba, uma pediatra, está dando para as crianças do Rio Grande do Norte”, denunciou Rosália Fernandes, diretora do Sindsaúde. "É obrigação do governo do estado e da prefeitura garantirem o atendimento. Se a justificativa é a falta de profissionais, que se faça um contrato emergencial até um concurso público. O que não pode é fechar a pediatria daqui", diz Rosália.
O protesto das mães
O ato contou com depoimentos de várias mães indignadas com a situação. Mauritânia da Silva, 37, mãe de uma criança de cinco anos com deficiência motora e que respira com dificuldades, conta a importância da pediatria do Deoclécio na vida da filha. "Desde os 3 meses de idade dela, eu vivo aqui com ela. Semana passada, eu vim aqui e não tinha pediatra que a atendesse e foi atendida por um médico comum. Se ela não tivesse tido o atendimento, hoje estaria morta", conta.
Ela disse que quando soube que a pediatria seria fechada, ela precisava fazer alguma coisa. "Eu não sei como vai ser minha vida. Não tenho carro, não tenho nada. Para onde vou levar minha filha? Minha filha precisa de atendimento. A vida dela depende do atendimento que é feito aqui", desabafa.
Algumas mães também deixaram recados para a governadora. "Como a senhora [governadora] quer melhorar a saúde desse jeito? como a senhora acha q a população de Parnamirim vai reagir? Olhe como mãe. A senhora como pediatra devia ver isso. A gente já tem tão pouco e a senhora ainda quer tirar o que não temos?", questiona América Cristina, 35, mãe de duas crianças que sofrem de edema de glote e necessitam do atendimento da unidade.