Os servidores da saúde de Natal, em greve há 3 semanas, lotaram nesta terça-feira (5) o auditório do Sinpol (Av. Rio Branco) para um debate sobre o “Orçamento da Saúde de Natal”, com a professora de Serviço Social da UFRN, Dalva Horácio da Costa, e com o sociólogo e assessor da vereadora Amanda Gurgel (PSTU), João Henrique.
Durante a fala, a professora explicou como são feitos os cálculos orçamentários anuais da prefeitura e demonstrou que, se os governos – em suas 3 esferas – batem recordes de arrecadação, não há motivo para se alegar que falta dinheiro para se investir na saúde pública e em outros serviços básicos, como a educação e o transporte.
Simone Dutra, coordenadora-geral do Sindsaúde-RN, explicou que apenas 1% do Orçamento federal vai para os municípios e que, mesmo assim, apenas 22% são destinados à saúde. “Enquanto somente 3% do Orçamento federal vai para a educação, 48% segue para pagar a dívida externa impagável que nós temos e a população precisa saber disso. Precisamos lutar para aumentar o Orçamento municipal da saúde para pelo menos 35%, precisamos mostrar ao governo que ele tem que tratar a saúde com prioridade”, completou Simone.
Dalva falou ainda que é preciso fazer uma limpeza no Orçamento do município e que a Câmara de Vereadores é responsável por isso. “Esses 35% do Orçamento precisam ser aprovados na câmara. Dizer que a prefeitura não tem dinheiro não é um argumento que sirva para convencer vocês. O governo investe em obras e em shows no fim do ano porque isso gera lucro e visibilidade política, mas quem sofre é a população e os servidores, que acabam se tornando uma vidraça para se jogar pedras”, declarou a professora.
Em apoio às falas da mesa, João Henrique ainda acrescentou que o que está sendo discutido é um projeto de cidade e que a greve da saúde é um momento importante, uma oportunidade para se expor à população como funciona a lógica política e que o governo não tem um projeto de cidade que beneficie de fato os cidadãos, mas sim as grandes empreiteiras.
João também falou sobre a audiência que haverá amanhã (6), às 13h, com a secretária de municipal de planejamento na Câmara de Vereadores, sobre o Orçamento para 2014. “Eles haviam divulgado que seria uma audiência pública, que dá a oportunidade da população falar. Agora, resolveram fechar as falas apenas para os vereadores. Por que será?”, questionou João.
Logo após as falas, o microfone foi aberto aos servidores, que expuseram suas opiniões e questionamentos e terminaram o debate com uma nova paródia de protesto, segue a letra: “Prefeito caloteiro, prefeito caloteiro, pague o meu dinheiro, senão vai ter greve o ano inteiro”.