O Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira está ameaçado de despejo, pelos aluguéis que deve ao ITORN (Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Rio Grande do Norte). Não bastasse a ameaça de redução da capacidade de atendimento com o despejo, o hospital está realizando mudanças no quadro de servidores.
No dia 11 de outubro, a Sesap enviou um memorando comunicando que os servidores lotados em outros hospitais serão realocados, através de permuta. O hospital, atualmente, conta com 75 técnicos e enfermeiros, sendo que 24 destes servidores são de outros hospitais, a maioria do Walfredo Gurgel. O memorando solicita que esses servidores sejam comunicados por escrito sobre a sua realocação, o que ainda não ocorreu.
Além disso, o contrato dos intensivistas acabará na próxima terça (22), e, caso não haja renovação, a UTI poderá fechar.
AMEAÇA DE DESPEJO
Nesta sexta-feira (18), encerra-se o prazo determinado pelo juiz Geraldo Antonio Mota, da 3ª Vara da Fazenda Pública, para o governo pagar os alugueis atrasados do prédio no qual funciona o Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira, no valor total de R$ 1.540.000,00. A dívida é cobrada pelo Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Rio Grande do Norte (Itorn) e a ameaça de despejo vem desde o ano passado.
A situação mostra o desrespeito com a população, em especial com os pacientes internados. Suetania Cardoso, diretora do Sindsaúde-RN, afirma que não se sabe para onde eles seriam transferidos, em caso de fechamento. "Muitos dos pacientes que estão lá são amputados, é difícil ver um paciente que ande normalmente. Eles estão sendo tratados como objetos, não sabem nem qual é o seu destino. É muito doloroso ver isso tudo acontecer", diz emocionada.
O Hospital Estadual Dr. Ruy Pereira é um hospital de "portas fechadas", ou seja, atende pacientes encaminhados por outras unidades de saúde. Atualmente, é um dos principais hospitais de tratamento de traumatologia de alta complexidade e, com 90 leitos - 84 na enfermaria e 6 na UTI -, tem uma demanda aproximada de 60 pacientes por semana.
PROCURADORIA BUSCA AMPLIAÇÃO DO PRAZO
Segundo a Assessoria de Comunicação da Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o caso foi passado à Procuradoria Geral do Estado (PGE). Em contato com o Sindsaúde no início da tarde desta sexta-feira, o procurador responsável pelo processo, Dr. Cristiano, afirmou que está analisando o caso e buscando uma ampliação do prazo de pagamento.
Essa não é a primeira vez em que o hospital é ameaçado de despejo. Em maio de 2012, havia uma dívida equivalente a mais de R$ 2 milhões, referente a 12 meses de alugueis em atraso. Em outubro do mesmo ano, o governo ainda devia R$ 1,6 milhão, referente à oito meses de mensalidade não pagas. Em ambas situações, o proprietário estava disposto a ajuizar uma ação de despejo.