Nesta terça-feira (8), o Sindsaúde/RN recebeu uma grave denúncia vinda da Unidade Mista Joaquina Nóbrega Véras, em Campo Grande/RN. As trabalhadoras e trabalhadores do local relatam que no dia 9 de dezembro de 2024, a prefeitura publicou um decreto que implantou uma série de regras para o funcionamento das unidades de saúde, como por exemplo: apenas duas trocas de plantões por mês e troca de plantões realizados apenas mediante autorização prévia da chefia imediata. No entanto, no mesmo período, a mesma gestão precisou de profissionais para cumprir plantões e deliberadamente dobraram os plantões dessas pessoas argumentando que “a gestão podia” desrespeitar o decreto.
Os trabalhadores (as) da saúde, diante da situação, sentiram-se injustiçados por não poderem realizar trocas de plantões mediante suas próprias necessidades sendo que o mesmo não vale para as chefias. Em seguida, a secretaria de saúde chegou a fazer mais exigência para os profissionais como a não realização de desvio de função, o que acaba acontecendo tradicionalmente por se tratar de uma cidade pequena e com poucos profissionais. A partir deste novo informe, os trabalhadores (as) se organizaram e começaram a negar as atividades fora de suas atribuições, inclusive quando solicitado pelas chefias diretas.
A partir daí começaram as ameaças, o assédio moral e o abuso de poder que chegou a motivar alguns boletins de ocorrência e denúncias formais. “A nossa questão não é descumprir as regras e o decreto, mas somos contrários ao fato de que eles usam essas regras para se auto beneficiar e prejudicar os trabalhadores”, explica a direção regional do Sindsaúde/RN. Em grupos de Whatsapp, as chefias ameaçam demitir motoristas, técnicos e outros profissionais contratados caso não cumpram com o que é repassado por eles.
Todas as solicitações da gestão que descumprem o decreto foram registradas em boletim de ocorrência e, exatamente por isso, começaram as perseguições e o autoritarismo para com os profissionais. Além de tudo isso, existe a denúncia de que os profissionais não têm direito a refeições dignas e satisfatórias durante seus plantões, certa vez chegou a ser servido iogurte estragado. A central de esterilização da unidade é insalubre e os profissionais que atuam lá sofrem com um calor desumano.
No local, os chefes insinuam que os servidores em exercício da função devem garantir o conserto dos carros de serviço quando dão problemas técnicos e os motoristas, que no descanso não têm cama nem beliches, são obrigados a fazer serviços que não são de urgência, mas sofrem ameaças de serem transferidos caso não cumpram as ordens. A lavanderia não tem nenhum critério de higiene, tudo é lavado junto e misturado, sem nenhuma esterilização nos lençóis contaminados.
Diante desse verdadeiro filme de terror, infelizmente vivenciado na vida real dos trabalhadores e trabalhadoras da saúde da Unidade Mista Joaquina Nóbrega Véras, o Sindsaúde/RN vem a público repudiar a falta de diálogo com a classe trabalhadora e os decretos, imposições e ameaças da prefeitura de Campo Grande. O sindicato já fez algumas denúncias formais ao Ministério Público do Trabalho e agora aguarda alguma devolutiva do órgão, assim como do Coren, Ministério Público e demais órgãos públicos que precisam olhar com urgência para a situação calamitosa em que se encontram estes profissionais.
Chega dessa ditadura em Campo Grande! Exigimos negociações, diálogo e sobretudo respeito para com os trabalhadores e trabalhadoras que conduzem a saúde deste município.