Mais uma vez, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, o maior do Rio Grande do Norte, foi destaque na imprensa local por causa da sua superlotação e pacientes internados em macas nos corredores. A cena pôde ser vista de forma mais crítica na última segunda (3) e terça-feira (4), mas é recorrente na unidade de saúde.
Por causa da alta demanda, os novos pacientes que dão entrada no hospital precisam permanecer nas macas das ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que, por sua vez, ficam retidas até que haja a liberação do equipamento. Em entrevista ao G1 RN, o Samu Natal informou que na terça-feira (4) houve um momento em que 11 das 12 ambulâncias que atuam na capital ficaram "presas" no Walfredo.
Nos corredores, onde pacientes se amontoam, estão muitos idosos e idosas que aguardam cirurgias, maioria ortopédicas. Nas imagens, é possível ver o registro de duas idosas dentre as muitas internadas de forma precária no hospital: Dona Inês, de 81 anos, e Francisca, de 94. É irônico que diante desta situação calamitosa o governo do estado e o judiciário não se posicionem. Ao que parece ambos trabalham, inclusive aos fins de semana, apenas criminalizando movimentos trabalhistas.
Os trabalhadores e trabalhadoras da enfermagem do Rio Grande do Norte tiveram sua greve, em prol da implementação do piso salarial, interrompida logo no primeiro dia por uma decisão judicial a partir de uma ação, proposta pela governadoria, que exigiu sua suspensão imediata sob pena de multa de R$ 10.000,00 por dia para as entidades sindicais, além de faltas e descontos salariais para os (as) trabalhadores (as). Deixamos aqui o questionamento: se era greve da enfermagem que causaria o colapso da saúde no Rio Grande do Norte, qual a causa da situação alarmante que vive, e sempre viveu, o Hospital Walfredo Gurgel?
“O que nós estamos vendo é o estrangulamento dos serviços da rede. Não se investe na saúde e, portanto, não existe um bom funcionamento nos Hospitais Regionais. O Walfredo acaba absorvendo toda a demanda, sem as menores condições”, denuncia Rosália Fernandes, coordenadora do Sindsaúde/RN. Rosália denuncia ainda que a sobrecarga de trabalho tem adoecido muitos dos profissionais do hospital, o que também acaba prejudicando o serviço visto que o efetivo, já reduzido, fica menor ainda.
Enquanto a governadora Fátima Bezerra (PT), ex-sindicalista, se ocupa em criminalizar o movimento dos(as) trabalhadores(as) da saúde, eles se ocupam em tentar dar a melhor assistência a pacientes como Inês e Francisca que, assim como a categoria, padecem diante desse descaso. O que acontece no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel é desumano, devastador e os servidores seguem dando seu melhor, no pior cenário e sem seus direitos trabalhistas assegurados. Até quando?