Enquanto o mundo celebra a chegada de mais um Dia Internacional da Mulher, as estatísticas trabalhistas, de feminicídio e os constantes ataques dos governos misóginos mostram o quanto a luta feminina está longe do fim. No Rio Grande do Norte, por exemplo, oito feminicídios foram registrados apenas nos três primeiros meses do ano. Em todo o país, segundo registros do Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos (ONDH), o número de delitos contra pessoas do sexo feminino cresceu 203,29% e no Estado potiguar, 205,02%.
O estudo "Women, Peace and Security Index", baseado em dados que medem a inclusão das mulheres, acesso à justiça e segurança em 170 países, apontou o Brasil como o 80º colocado (empatado com Fiji e Suriname). O levantamento da consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio do IBGE, por sua vez, mostrou que as mulheres ganham cerca de 20% menos do que os homens no Brasil, mesmo quando se compara trabalhadores do mesmo perfil de escolaridade e idade e na mesma categoria de ocupação. Segundo última pesquisa do IBGE, o desemprego também é maior entre as mulheres. Dos 12 milhões de brasileiros desempregados, 6,5 milhões são mulheres.
Neste ano, a luta contra o governo de Jair Bolsonaro é um dos destaques do 8 de março. Isso porque, o governo misógino e machista dele agrava, dia após dia, a opressão e exploração de mulheres no país. Através do desemprego e da alta inflação, na qual as mulheres são as principais vítimas, uma vez que grande parte são mães solo e chefes de família, Bolsonaro violenta as brasileiras tanto em discursos e falas inescrupulosas quanto em ações, nas quais usa seu poder para oprimir e negar acessos. Prova mais recente de sua política é o veto dado em outubro de 2021 a trechos do projeto que prevê a distribuição gratuita de absorventes menstruais a meninas e mulheres em situação de vulnerabilidade. O projeto de lei já havia sido aprovado em definitivo pelo Congresso em setembro de 2021.
É hora de dizer chega para todas as violências que atacam as mulheres! Em Natal o ato "Pela vida das mulheres, Bolsonaro nunca mais", será às 14h30 com concentração na Praça Gentil Ferreira.
Sobre o 8 de março:
Originado dentro do movimento operário, o Dia Internacional das Mulheres foi apresentado pela primeira vez ao mundo em 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto. A oficialização da data, no entanto, só veio em 1975, quando a ONU começou a comemorar a data. Roxo, verde e branco são as cores do Dia Internacional das Mulheres, de acordo com o site oficial. "Roxo significa justiça e dignidade. Verde simboliza esperança. Branco representa pureza, embora seja um conceito controverso. A ONU anunciou que seu tema para 2022 é "Igualdade de gênero hoje para um amanhã sustentável". Seus eventos vão reconhecer como mulheres ao redor do mundo estão respondendo às mudanças climáticas.
Autor: Francisca Pires