Vez ou outra surgem na mídia discursos que se utilizam da prerrogativa da liberdade de expressão para validar opressões ideológicas e discursos de ódio que já vitimaram milhares de pessoas no mundo todo. O caso mais recente tem como protagonista Bruno Aiub Monark, apresentador e fundador do Flow Podcast. Na edição de segunda-feira (7), da qual participavam Kim Kataguiri (DEM-SP) e Tabata Amaral (PSB), Monark em uma de suas falas defendeu a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido legalmente.
A fala repercutiu negativamente e o podcaster perdeu patrocínios. Primeiramente, Monark disse que foi tirado de contexto, mas em seguida, pediu desculpa e disse que estava bêbado. Cabe destacar que o Flow é um dos podcasts com maior audiência do Brasil e tem 3,6 milhões de inscritos só no YouTube. Em 2021 Monark já havia sido muito criticado após ter questionado no Twitter se "ter opinião racista é crime".
O Sindsaúde/RN repudia veemente a fala do apresentador e ressalta o quão absurdo é falar em favor de um regime brutal em uma plataforma com milhões de espectadores, sendo muitos deles crianças e adolescentes. Nossa luta também é pela liberdade de expressão, no entanto, destacamos que a premissa encontra limites quando se trata de discursos de ódio, que incitam a violência ou a agressão. Ódio aos judeus ou qualquer outro setor oprimido não é direito de expressão. Desse modo, sim, qualquer cidadão pode expressar suas ideias, por mais absurdas que sejam, desde que não ameace terceiros. Racismo, nazismo, homofobia, dentre outras violências, não são questões de opinião, são crimes!
Ressaltamos ainda que não apoiamos a chamada “cultura do cancelamento” ou os “linchamentos virtuais”. No entanto, na mesma semana em que Yago Corrêa de Souza,um jovem negro de 21 anos, foi preso quando saiu de casa para comprar pão porque foi associado “por engano” ao tráfico de drogas na Favela do Jacarezinho, não podemos admitir que outro homem como Monark, branco e rico, cometa um crime diante de milhares de pessoas e fique impune. Exigimos que a justiça seja feita e que a punição justa chegue até o responsável. Basta de discurso de ódio disfarçado de opinião.
Autor: Francisca Pires