Diante do aumento de casos de Covid-19 no estado, que registrou nesta segunda-feira (24), a ocupação de 100% dos leitos de 9 dos 15 hospitais do Rio Grande do Norte. Somado ao surto do novo vírus da influenza (H3N2), os servidores da saúde do RN estão adoecendo e tendo atendimento negado nos seus locais de trabalho.
Desde a semana passada o Sindsaúde/RN vem recebendo inúmeras denúncias sobre essa situação e os relatos chegam a ser angustiantes. “Passei por quatro médicos, todos viram meu estado desidratado com 39.1 de febre, a última médica falou que me atendia e medicava, mas não podia me dar atestado por ordem da direção. Tomei 1.500 ml de soro com decadron e dipirona. A chefe me viu tomando soro na segunda-feira com um cansaço físico de morrer, mas eu continuei trabalhando mesmo assim”, desabafa um servidor do João Machado que preferiu não se identificar.
Em um outro depoimento, desta vez de uma trabalhadora do Hospital Pedro Germano, mais conhecido como Hospital da Polícia, os funcionários estão sendo obrigados a trabalhar sem EPI’s adequados por conta do protocolo da instituição. “O Hospital está cheio de pacientes confirmados com covid 19, mesmo assim a equipe da farmácia só quer liberar N95, para o técnico de enfermagem que está com o paciente confirmado, um absurdo, já que todos que estão nas enfermarias são suspeitos. Com isso, toda equipe de enfermagem, está apresentando sintomas gripais, fica aqui a nossa indignação com essa atitude irresponsável da direção do Hospital Pedro Germano”, finaliza a servidora em anônimo.
As denúncias que o sindicato recebeu foram feitas por profissionais da saúde que trabalham nos hospitais Giselda Trigueiro que está atualmente com 90% de ocupação, João Machado que se encontra com 88% da sua capacidade máxima, além de servidores do Hospital da Polícia e do Santa Catarina. A justificativa por parte das direções dessas unidades é de que os médicos que atendem os servidores pelo NAST- Núcleo de Atenção à Saúde do Trabalhador, estão de férias e por isso os profissionais estão sem os atendimentos. No caso do Hospital Santa Catarina, a informação que foi repassada para os trabalhadores é de que o médico do trabalho foi afastado após ser positivado para Covid-19.
Para nós do Sindsaúde/RN o que fazem com os servidores da saúde é desumano. Em vez de serem atendidos em seus locais de trabalho por médicos plantonistas, os trabalhadores são orientados a buscar atendimentos nas UPA’s, que se quer já dão conta do restante da população. “Os servidores estão trabalhando doentes porque não tem médicos no Nast, mandam a gente para a UPA mas lá não fazem teste rápido, como é que as pessoas vão conseguir atestado desse jeito? Tá todo mundo contaminado!” afirma o diretor do Sindsaúde, Breno Abbott, que ainda completa “estamos tentando contato com a Sesap e com a direção dos hospitais para ver se resolvemos esse problema o quanto antes”, finaliza.