A noite da última terça-feira (28), foi marcada por um tumulto na Unidade de Pronto Atendimento do Satélite. A confusão começou por volta de 18h30 e foi motivada pela revolta de pacientes que aguardavam atendimento na unidade que já estava lotada desde o início do dia. Segundo os trabalhadores do local foram quebradas portas e cadeiras e os funcionários da recepção e enfermagem foram ameaçados, “foi terrível!", desabafa uma servidora.
A superlotação da unidade já havia sido denunciada pelo Sindsaúde/RN no dia anterior à confusão. Destacamos, inclusive, que a sobrecarga surgia, ironicamente, um dia após a Prefeitura decretar o fim do estado de calamidade pública na capital. O aumento sem precedentes no número de casos de gripe também surge após duas semanas da 30ª edição do Carnatal, maior carnaval fora de época do Brasil, autorizado e incentivado pelo prefeito Álvaro Dias (PSDB). Este ano o evento reuniu cerca de 15 mil pessoas.
Pessoas doentes, cansadas e desesperadas por atendimento lidando com profissionais também cansados, muitas vezes também doentes, sobrecarregados, com salários defasados e gratificações cortadas, o resultado não poderia ser diferente. O sucateamento da saúde de Natal tem exposto a população ao extremo. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS/Natal) informou que a Prefeitura abrirá um Centro de Enfrentamento às Síndromes Gripais para desafogar as UPAS da cidade.Informamos, porém, que é preciso bem mais que isso. É necessário convocar os aprovados do último concurso para aumentar o RH das Unidades, é preciso pagar em dia os servidores com as gratificações que lhe cabem e, principalmente, é preciso dar condições estruturais, físicas e psicológicas para que esses servidores consigam atender a população da maneira correta.
Por fim, para combater a disseminação do vírus da Covid-19 e da H3n2 é necessário que a Prefeitura pare de promover e incentivar grandes aglomerações. Os especialistas alertam para a continuidade das medidas de biossegurança: uso de máscara, distanciamento social e uso de álcool em gel. Estamos caminhando para o terceiro ano de pandemia e a gestão Municipal segue trabalhando para os mais ricos e brincando com a população mais pobre que se mata, quase que literalmente, buscando atendimento. A saúde pública de Natal pede socorro!
Autor: Francisca Pires