Quase 620 mil brasileiros e brasileiras já perderam a vida com Covid-19, sob o governo de Bolsonaro, que desde o início da pandemia adotou uma política negacionista e genocida. Contudo, ao que parece, esse cemitério de vítimas ainda é pouco para este governo de ultradireita, que agora está boicotando o plano de vacinação para crianças de 5 a 11 anos.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) autorizou na semana passada a liberação da vacina da Pfizer para crianças nessa faixa etária, com dose pediátrica e intervalo de 21 dias, após as devidas análises técnicas. O mesmo já foi feito por mais de 30 países desde o mês de julho, como os Estados Unidos, União Europeia, Canadá, Argentina, Chile, Peru, Uruguai, entre outros.
Contudo, Bolsonaro criticou a medida e vem fazendo uma cruzada, com apoio do ministro capacho da Saúde, Marcelo Queiroga, para não garantir a imunização das crianças.
O presidente, taxado nos atos que tomaram o país neste ano de “genocida”, voltou a colocar em dúvida a eficácia e segurança da vacinação contra a Covid-19 e passou a incitar perseguição e intimidar os técnicos e técnicas da Anvisa.
Na última sexta (17), o STF (Supremo Tribunal Federal) cobrou do governo a divulgação do plano nacional de vacinação, incorporando a imunização de crianças na faixa etária autorizada pela Anvisa, e deu prazo de 48h para uma resposta. Nesta segunda, o ministro Ricardo Lewandowski atendeu pedido da AGU (Advogacia-Geral da União) e estendeu o prazo até 5 de janeiro.
Até lá, Queiroga disse que o Ministério irá fazer análises técnicas e uma consulta pública sobre o tema, algo inédito para este tipo de situação, já que a Anvisa é a agência responsável pela liberação de vacinas e medicamentos no país e realizou todo o procedimento de praxe. O fato é que o governo está protelando em razão do seu negacionismo.
Vacinas salvam vida
Com a identificação da variante Ômicron, entidades médicas, epidemiologistas e especialistas em saúde pública têm orientado que os países avancem também na vacinação dessa faixa etária.
Nesta terça-feira (21), as sociedades brasileiras de imunizações (SBIm), Pediatria (SBP) e Infectologia (SBI) tornaram público o parecer enviado à Anvisa em que defendem a vacinação contra a covid-19 das crianças de 5 a 11 anos.
No parecer, as entidades ressaltam que, de acordo com os dados oficiais do Ministério da Saúde, o impacto da covid-19 na população infantil brasileira é relevante, com milhares de hospitalizações e centenas de morte pela doença.
As sociedades representativas argumentam que estudos até a fase 3 em crianças mostram que a resposta de anticorpos é similar à registrada em adolescentes e adultos. Destacam também que não foram observados nesses estudos eventos adversos graves associados à vacinação e ressaltam que, nos Estados Unidos, mais de cinco milhões de doses da Pfizer já foram aplicadas nesse grupo de crianças, sem eventos de preocupação.
Em entrevista ao Estadão, o infectologista João Prats, da Beneficiência Portuguesa (BP), disse que a vacinação do público infantil é importante para reduzir os casos graves entre eles e a transmissibilidade para pessoas adultas, e que apesar de corresponderem a um percentual pequeno da população, sem a vacina as crianças se tornam vulneráveis e transmissores do vírus. “Em regra geral, a criança não vai ter forma grave da doença, mas a grande questão é que elas podem transmitir para pessoas de alto risco”, disse.
Já o médico pediatra Renato Kfouri, diretor da Sociedade Brasileira de Imunização, chamou a atenção para o fato de que a covid-19 matou mais crianças nos últimos dois anos do que todas as demais doenças infecciosas contempladas no calendário de vacinação infantil. Foram 2,4 mil vítimas. “Com a vacina desse público a gente evita mortes, evita efeitos longos da covid, complicações tardias, evita transmissão”, defendeu.
A incidência da imunização no arrefecimento da pandemia no país nos últimos meses é indiscutível. Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 a partir de 12 anos ao longo deste ano, o número de mortes no Brasil caiu 94% em novembro, em relação ao pico de março.
É essa curva que as sociedades médicas acreditam que vá se repetir com as crianças imunizadas, mas Bolsonaro, mais uma vez, age no sentido contrário.
Como destacaram as manifestações pelo Fora Bolsonaro este ano, no Brasil, Bolsonaro e sua tropa de ultradireita, negacionista e de genocidas são os vírus mais letais nesta pandemia. Muitas vidas poderiam ter sido salvas, caso Bolsonaro não tivesse sabotado o inicio da vacinação ao atrasar a compra de imunizantes, como comprovou a CPI da Covid.
A CPI trouxe à tona todos os crimes de Bolsonaro. Se depender de Augusto Aras, procurador geral da República, tudo será engavetado. Somente a luta poderá fazer com que este governo pague pelas mortes e dor causada aos brasileiros e brasileiras.
Autor: CSP-Conlutas