No início desta semana, o Reino Unido reportou a primeira morte pela nova variante da Covid-19, Ômicron ( B.1.1.529) . Em seguida, o país relatou 78.610 novos casos do coronavírus, o maior número desde o início da pandemia. Nos Estados Unidos, a nova cepa passou de responsável por 0,4% do vírus em circulação para 2,9% no intervalo de uma semana, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). A taxa de casos positivos para COVID na cidade de Nova York dobrou em apenas 3 dias, o que para Jay Varma, consultor de saúde de Nova York, é um indicativo de que a variante Ômicron está “driblando a imunidade” de uma forma que o vírus nunca havia feito antes.
O Brasil, por sua vez, conforme balanço divulgado pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira (15), atingiu a marca de 19 casos confirmados da nova cepa. As infecções foram registradas em São Paulo (13), no Distrito Federal (2), no Rio Grande do Sul (2) e em Goiás (2). Há ainda, segundo o relato, sete casos em investigação em Goiás (2) e Minas Gerais (5). No mesmo dia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a variante foi detectada em 77 países e se espalha em um ritmo sem precedentes, a uma taxa não vista com as cepas anteriores e, sendo assim, considerá-la leve é preocupante.
Embora os dados, especialmente da África do Sul, sugiram que a B.1.1.529 pode estar causando sintomas mais leves do que as variantes anteriores, os especialistas em saúde pública enfatizam que é muito cedo para tirar conclusões concretas, uma vez que, mesmo causando doenças menos graves, o grande número de casos pode, mais uma vez, sobrecarregar os sistemas de saúde despreparados. Em Natal, mesmo em meio ao surgimento da nova variante, na semana passada (09), ocorreu o Carnatal, maior carnaval fora de época do Brasil. A 30ª edição do evento exigiu passaporte de vacinação e contou, segundo a organização, com protocolos sanitários. No entanto, logo no segundo dia de festa, um boletim de ocorrência foi feito à Polícia Civil denunciando a venda de abadás por cambistas com a inclusão da pulseira que comprova a vacinação. Segundo os dados, o corredor da folia pode ter recebido cerca de 15 mil pessoas até o quarto e último dia de festa.
Portanto, ainda não é hora de relaxar. É fato que as pessoas estão física e psicologicamente esgotadas da pandemia e os governos Federal, Estadual e Municipal se aproveitam dessa estafa coletiva para permitir e promover eventos que geram lucros aos empresários, sem o menor compromisso com a vida. No entanto, para que a vacinação siga surtindo efeito e o cenário não volte à situação crítica de meses atrás, cumprir as medidas recomendadas pelos especialistas ainda é um pacto de responsabilidade coletiva. Tomar a dose de reforço da vacina, bem como, manter distanciamento social, usar máscara e higienizar as mãos com frequência são hábitos fundamentais para que não percamos mais ninguém para esse vírus letal. Os trabalhadores da saúde não merecem mais a sobrecarga dos hospitais lotados e a população não merece mais chorar tantas mortes.
Autor: Francisca Pires