O Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel foi cenário de mais um caso de grande repercussão. Na última terça-feira, 30, a imagem de um homem sendo atendido no chão da unidade viralizou nas redes sociais e reacendeu os ataques sofridos pelos trabalhadores do hospital. Tanto a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) quanto os trabalhadores que estavam no plantão afirmam que o procedimento era urgente e essencial ao atendimento de reanimação. Em vídeo, a esposa do paciente também defendeu a equipe que o atendeu: “Se não tivesse acontecido isso, talvez ele não tivesse mais aqui”, esclarece.
Rosália Fernandes- assistente social do Walfredo,dirigente nacional da CSP Conlutas e militante da base do Sindsaúde/RN- contou em entrevista ao jornal Agora RN que o paciente chegou de madrugada em estado de urgência após ter passado mal em casa. Segundo ela, os procedimentos foram feitos às pressas com o objetivo de salvar a vida dele. Para os trabalhadores do hospital, além do desgaste provocado pela sobrecarga de trabalho, o medo de represálias também tornou-se um frequente companheiro das rotinas exaustivas. Após o caso da morte do senhor José Willians, a equipe da unidade tem sido duramente atacada e questionada quanto aos procedimentos executados no hospital.
Em uma carta de desabafo, Socorro da Silva - funcionária do Walfredo e diretora do Sindsaúde/RN- pede um pouco mais de compreensão e empatia com os servidores da unidade: “Nós, profissionais, estamos lá para atender a população sim, esperamos que pelo menos sejamos reconhecidos. Às vezes dá muito desgosto em ver que as pessoas só falam do lado ruim do Walfredo Gurgel. Vocês já se preocuparam em saber quantas vidas salvamos?”, lamenta. Salvar vidas sem o mínimo de condições estruturais é desumano. Os trabalhadores do Walfredo Gurgel lidam diariamente com os danos físicos e psicológicos causados pela necessidade de realizar atendimentos como este que viralizou na internet. O paciente em questão foi salvo, mas não pelo Governo do Estado ou pela Secretaria de Saúde, ele foi salvo pelas mãos dos profissionais que agiram rápido e no improviso viram naquela superfície plana a única chance que lhe restava. Mais respeito e empatia, pois, relembramos aqui, que os “heróis” são de carne e osso.
Autor: Francisca Pires