No início da semana, imagens violentas que mostram um homem, identificado como Luciano Simplício, sendo amarrado e pisoteado estão sendo veiculados na internet. O fato aconteceu no último sábado (11), na cidade de Portalegre, localizada no Alto Oeste.
O autor das agressões é um comerciante local identificado como Alberan. O homem justifica e legitima a forma violenta que agiu sob o argumento de que Luciano havia atirado pedras em seu estabelecimento. A ação foi filmada e mostra Luciano amarrado com cordas nas mãos e pernas, ou seja, impossibilitado de se defender, sendo agredido com chutes e pisões. Em um áudio,que circula nas redes, o agressor chega a afirmar "Não estou arrependido, não. Eu faço isso, fiz e faço quantas vezes for preciso”.
Em entrevista ao jornal Tribuna do Norte, o delegado Cristiano Gouveia, responsável pelo caso, afirmou sobre as imagens: "Em princípio, eu vejo aquela ação como tortura. O homem já estava preso". Imobilizado e espancado à luz do dia, Luciano representa, na verdade, uma violência estrutural que vai muito além de um caso isolado.
A vítima das agressões, não por coincidência, pertence a um lugar muito específico na nossa sociedade. Luciano é quilombola, ou seja, descende diretamente de comunidades formadas por escravizados fugitivos. Além disso, segundo informações veiculados sobre o caso, ele também se encontra em situação de rua.
Nós do Sindsaúde/RN repudiamos todo e qualquer ato de violência e destacamos que, independente da motivação, agredir em público uma pessoa que se encontra amarrada, é tortura! Por fim, deixamos a seguinte reflexão: se Luciano não fosse preto, quilombola e em situação de rua, ele teria recebido o mesmo tratamento diante da sua atitude?
Autor: Francisca Pires