A campanha nacional do Setembro Amarelo foi criada em 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria – ABP, em parceria com o Conselho Federal de Medicina – CFM. Oficialmente, o dia 10 deste mês é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o mês. No Brasil, são registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos e por isso, torna-se urgente, o debate sobre o adoecimento mental dos brasileiros.
É fato que a depressão é uma patologia (doença) e, sendo assim, não escolhe classe social. Porém, a vulnerabilidade econômica é um fator que influencia tanto no agravamento do sofrimento quanto na impossibilidade de acesso dos tratamentos. Em 2019, registrava-se que menos de 3% da população brasileira fazia terapia, sendo que quase 60 milhões de pessoas tinham algum transtorno mental diagnosticado. A explicação para essa conta que não fecha está no fato de que, no Brasil, as mensalidades de terapia variam de 200 reais a 1.000 reais.
A pandemia de Covid-19 trouxe adoecimento com relação ao isolamento social, medo da doença e a perda de familiares e amigos. Além de tudo isso, itens básicos à sobrevivência como comida, gás de cozinha e energia estão com preços cada vez mais altos. A gasolina está chegando a custar 7 reais o litro e apesar de tantos aumentos, o salário mínimo segue no valor de R$1.100. Salário esse, insuficiente para garantir tanto a sobrevivência das famílias quanto para alternativas de manter a saúde mental como terapia e lazer.
E não para por aí. Diariamente os trabalhadores, por exemplo, tem seus direitos atacados com medidas como a da PEC 32 da Reforma Administrativa. Além disso, segundo o relatório “O Vírus da Fome se Multiplica'', o número de pessoas vivendo em situação de fome estrutural aumentou cinco vezes desde o início da pandemia, chegando a mais de 520 mil. E, com o isolamento social, o Brasil passou a registrar um feminicídio a cada 6 horas e meia. Como é possível manter a saúde mental em meio a esse caos?
É necessário bem mais que campanhas publicitárias. São necessárias políticas públicas múltiplas, de caráter socioeconômico ou iniciativas de promoção de saúde pública. Saúde mental se conquista, também, através da garantia de comida no prato, emprego, acesso à moradia, educação, saúde, cultura e lazer. É necessário um Governo que, muito ao contrário do que faz Jair Bolsonaro (Sem Partido), não tripudie o sofrimento da população mais pobre e sim dialogue com as necessidades do povo, sem explorá-lo de acordo com seus próprios interesses.
Autor: Francisca Pires