A Marcha das Vadias teve início em 2011 no Canadá e surgiu em resposta à declaração de um segurança da universidade de Toronto ao relacionar às ocorrências de estupros à forma como as mulheres se vestiam. Desde então, a marcha expandiu e chegou ao Brasil, onde acontece em várias capitais, inclusive em Natal, onde já está na sua quarta edição.
Segundo o movimento: "O fato de vestir uma peça de roupa curta ou decotada não é um convite ao estupro ou piadas machistas. A opressão e a violência se manifestam na restrição da nossa liberdade sobre nosso corpo e no livre exercício da nossa sexualidade."
A violência machista e sexual atinge milhares de mulheres por ano no Brasil. No caso específico de estupros, de 2009 a 2012, houve crescimento de 157%. Os casos de violência passaram a ter notificação obrigatória em todos os serviços de saúde apenas em 2011. Além disso, tem aumentado o caso de estupros coletivos, como o de uma banda de pagode, de ataques em ônibus e vans, e do "estupro corretivo", contra mulheres lésbicas.
O ato em Natal tem como lema a denúncia do Estatuto do Nascituro, recentemente aprovado em Comissão do Congresso, e a mercantilização do corpo da mulher. O estatuto do Nascituro é um retrocesso em relação à legislação sobre o aborto. Um dos artigos mais polêmicos é o que diz respeito à instituição de uma Bolsa para as mulheres que ficarem grávidas em decorrência de violência sexual, proibindo o aborto nesses casos e indo de encontro ao Artigo 128 do Código Penal, que prevê que não se pune o aborto realizado por médico em caso de estupro. A presença deste artigo no Código Penal é uma segurança para as mulheres, afinal a obrigação de se levar uma gravidez consequente de um caso de estupro é obrigar as mulheres a carregarem a lembrança de um trauma para o resto da vida. Toda mulher que quer ser mãe não deseja associar essa experiência a um terrível trauma.
Em Natal, o ato ocorre nesta sexta, 21 de junho, com concentração às 15h, na Praça André de Albuquerque (Praça Vermelha). O Movimento Mulheres em Luta, da CSP-Conlutas, e o Sindsaúde participarão do ato desta sexta, que percorrerá as principais ruas do centro de Natal.