Ainda que a vacinação tenha implicado em uma redução do número de internações e mortes por Covid-19 no Brasil, é importante destacar que as novas variantes, sobretudo a variante delta considerada mais transmissível, comprometem o fim da pandemia e representam um perigo eminente para a população mundial.
A variante Delta (B.1.671.2) do coronavírus SARS-CoV-2, foi identificada pela primeira vez na Índia e preocupa diversos países. Essa variante é considerada uma cepa mais transmissível e foi responsável pela segunda onda da COVID-19 na Índia. No total, a variante B.1.617.2 se espalhou para mais de 60 países e, até o último dia 6, o Brasil registrou 435 casos confirmados. Dezenove estados brasileiros estão com taxas de incidência em níveis considerados extremamente altos ou muito altos para o coronavírus, segundo a Fiocruz.
Dentre os sintomas relatados pelos especialistas, a nova cepa provoca perda de audição, diarreia e até mesmo casos de gangrena. Alguns pacientes também já chegaram a apresentar quadros com dor de estômago, náuseas, vômitos, perda de apetite e dores nas articulações. Especialistas também apontaram o desenvolvimento de pequenos coágulos sanguíneos que levam o tecido afetado a morrer e desenvolver gangrena.
Mais forte e mais transmissível
Cientistas já apontaram que a variante se espalhou até mesmo em países onde boa parte da população já está vacinada. Outro fator preocupante é que a primeira dose de um imunizante pode não ser suficiente para lidar com essa variante. Estima-se que ela seja até 70% mais letal e mais resistente às vacinas.
Em entrevista ao jornal CNN, a infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Raquel Stucchi afirmou que a variante Delta é contagiosa também em ambientes abertos e ventilados. "A variante Delta se transmite muito facilmente, nós já sabemos e temos documentação científica disso, inclusive em ambientes abertos. Porque a gente não via isso, com importância, nas outras variantes, em ambiente aberto, a gente falava: ‘não use máscara’, agora não é mais verdade."
Flexibilização dos decretos e possível nova onda
O aumento recente de casos em países que já viram a flexibilização total no horizonte, como Estados Unidos e Inglaterra, acende um alerta para o afrouxamento de regras no Brasil. A reabertura dos comércios, volta às aulas e a possibilidade de realização de grandes eventos, motivadas pelo interesse de lucro dos grandes empresários, foi legitimada desde o início da pandemia pelo discurso criminoso do presidente da república Jair Bolsonaro (Sem Partido) e seguida pelos governadores e prefeitos.
No Rio Grande do Norte, o Governo , representado por Fátima Bezerra (PT), passou a permitir eventos com 300 pessoas, inclusive na capital Natal, no fim do mês passado. O prefeito de Natal, Álvaro Dias (PSDB), por sua vez, também publicou um decreto mais frouxo. Nele tornou-se permitido que shoppings, teatros, cinemas, praças de alimentação, circos, parque de diversões, museus e igrejas funcionem com 75% da capacidade máxima e a partir de 19 de agosto todos esses estabelecimentos já citados poderão funcionar com 100% da sua capacidade máxima de ocupação. Ambos os decretos alegam levar em consideração a baixa nos indicadores da pandemia no Estado, mas desconsideram a chegada da variante delta e seus perigos.
Também em entrevista à CNN, Jarbas Barbosa, vice-diretor-geral da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), fez um alerta de que o número de casos confirmados da variante Delta no Brasil é apenas a ponta do iceberg: "A combinação da variante delta com decisões sobre a reabertura da economia que não levam em conta a gradualidade, podem proporcionar novos picos. Se ao invés de 100 casos, ela causa 1.000 e 5% deles forem precisar de UTI, teremos 10 vezes mais casos graves, o que pode comprometer os serviços de saúde", disse ele.
Não é hora de relaxar! Com a variante Delta circulando no país não é possível que os governantes sigam ignorando seu potencial de destruição. A vacinação no Brasil começou atrasada e segue lenta. Precisamos de medidas mais rígidas hoje para que amanhã possamos desfrutar de forma segura e responsável a contenção do coronavírus. O lucro não pode seguir acima da vida. Não aguentamos perder mais ninguém para esta pandemia!
Governo Bolsonaro, Fátima e Álvaro Dias, exigimos seriedade no combate do coronavírus e todas suas variantes. Queremos decretos eficazes, vacina para todos e auxílio emergencial para quem precisa já! Não iremos nos calar!
Autor: Francisca Pires