Via: http://cspconlutas.org.br/2021/08/cada-vez-mais-acuado-bolsonaro-intensifica-ataques-antidemocraticos-e-autoritarios-ditadura-nunca-mais/
Bolsonaro segue aumentando o tom de suas declarações antidemocráticas e autoritárias, ameaçando a não realização das eleições e insinuando que pode sair das “quatro linhas da Constituição”. Nesta quinta-feira (5), o presidente voltou a divulgar mentiras para colocar em suspeita o processo eleitoral, atacou o STF (Supremo Tribunal Federal) e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Em entrevista a uma rádio do Rio de Janeiro, disse que “não pretende sair das quatro linhas para questionar essas autoridades”, mas que “o momento está chegando”. Disse também que está disposto a participar de um protesto na Avenida Paulista nas próximas semanas para “fazer mais um apelo” pelo voto impresso.
A irritação de Bolsonaro é reação às ações sofridas no STF e no TSE essa semana. Na segunda-feira, o TSE apresentou uma notícia-crime contra Bolsonaro, pela divulgação de mentiras para desestabilizar o processo eleitoral brasileiro. Ontem, o ministro Alexandre de Moraes atendeu ao pedido e incluiu Bolsonaro no inquérito das fake news.
Moraes considerou que as falas de Bolsonaro se enquadram no inquérito que investiga a ação de milícias digitais para a disseminação de fake news. Segundo o ministro, em tese, Bolsonaro pode ter cometido crime de calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime e denunciação caluniosa, todos previstos pelo Código Penal.
A live realizada pelo presidente na semana passada (29) foi a gota d’água para a reação do judiciário. Bolsonaro anunciou que iria apresentar provas de fraudes nas eleições, mas acabou admitindo que não tinha provas e repetiu mentiras publicadas na internet, todas já desmentidas pelo TSE e por sites de checagem de fatos.
Voto impresso é cartada para fraudar eleições
As ameaças golpistas ocorrem no momento em que o Bolsonaro está acuado pelo aprofundamento das investigações de corrupção e omissão do governo durante a pandemia e de forte queda na popularidade. Além de se abraçar de vez com o Centrão para evitar um processo de impeachment, colocar em dúvida a votação eletrônica e defender o voto impresso tem sido uma das táticas de Bolsonaro para ameaçar que não vai aceitar o resultado das eleições em 2022.
O fato é que o voto impresso é que abre brecha para fraudes e o famoso “voto de cabresto”, comum em regiões dominadas pelo coronelismo e milicianos, diga-se, de passagem, dois setores ligados ao bolsonarismo.
“Bolsonaro está cada vez mais acuado e, se depender dele, uma aventura golpista não pode ser descartada, principalmente porque se trata de um governo de milicianos e que sempre defendeu a ditadura militar e a tortura. Tudo para aplicar um projeto ultraliberal, com ataques aos trabalhadores e à população mais pobre, para garantir seus privilégios e os interesses de setores poderosos”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha.
“Essas ofensivas antidemocráticas e autoritárias são também uma forma de desviar o foco da crise sanitária, econômica e social instalada no país, onde temos mais de 560 mil mortos pela Covid-19, a inflação e juros em alta, carestia, desemprego e fome”, disse.
“Precisamos derrotar esse governo e isso é possível, com a continuidade das manifestações nas ruas, a unificação de todos os setores em luta, como funcionalismo, trabalhadores dos Correios e de outras estatais, que já estão convocando uma Greve Nacional para o próximo dia 18 de agosto e a construção de uma Greve Geral. Essas são as tarefas das direções do movimento. Ditadura nunca mais!”, concluiu Mancha.