Via: http://cspconlutas.org.br/2021/07/pandemia-tem-leve-desaceleracao-mas-especialistas-alertam-para-alto-patamar-de-mortes-e-risco-com-variantes/
Nas últimas semanas, o Brasil vem registrando uma leve queda nos indicadores da Covid-19, apontando uma melhora no quadro da pandemia no país. Levantamento do Observatório Covid-19, da Fiocruz, divulgado nesta quarta-feira (14), revela que pela terceira semana seguida há redução de novos casos, mortes e ocupação de leitos de UTI.
Contudo, apesar da melhora apresentada nas últimas semanas, especialistas veem os números com cautela. Segundo a Fiocruz, o número de casos e de óbitos vem caindo há três semanas em cerca de 2% ao dia, mas ainda permanece em alto patamar. A taxa de letalidade foi mantida em torno de 3%, percentual também considerado elevado.
São mais de 1.000 pessoas por dia que ainda estão morrendo com a Covid-19. Ontem (14), foram registrados 1.574 mortes nas últimas 24h. Já a média móvel de óbitos (últimos sete dias) ficou em 1.270. Esses números ainda fazem do Brasil o epicentro da pandemia em relação ao número de vidas perdidas.
Em relação à ocupação de leitos de UTI, pela primeira vez desde dezembro de 2020, nenhum estado está com a taxa acima de 90% e o quadro é reflexo dessa fase da pandemia com indicadores em desaceleração.
Vacinas salvam vidas
A situação é creditada à vacinação, apesar do ritmo lento e de apenas 15% da população ter tomado as duas doses necessárias à imunização completa. “Com a vacinação, o número de óbitos e internações diminui entre os grupos de risco ou grupos prioritários. É o caso de idosos e portadores de doenças crônicas, por exemplo”, afirma a Fiocruz. Entretanto, a transmissão permanece intensa entres aqueles que ainda não foram imunizados, destaca a instituição.
Novas cepas
Outro fato que leva os cientistas a terem cautela em relação aos atuais indicadores é exatamente o avanço da variante Delta do novo coronavírus, que vem sendo tornando dominante em vários países. A nova cepa, originada na Índia, tem taxa de transmissão 97% maior se comparado ao vírus sem mutações, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde).
O médico e neurocientista Miguel Nicolelis, em entrevista ao jornal O Globo, citou o crescimento de casos em 10% nos EUA e os 40 mil casos diários no Reino Unido, apesar de ter 52% da população já vacinada.
Nicolelis explicou que enquanto houver infecções ocorrendo sem controle, podem surgir novas variantes. “Estamos vendo uma competição da variante Gama [originada em Manaus] com a Delta enquanto avança a vacinação. A interação desses três fatores é que vai definir o que vai acontecer nas próximas semanas, considerando que agora estamos com isolamento social quase nulo. Essa dinâmica vai definir a terceira onda”, afirmou o médico.
O epidemiologista Pedro Hallal, coordenador do Epicovid – principal estudo sobre o coronavírus no Brasil – também acompanha o cenário da pandemia com atenção. Segundo ele, os próximos meses não devem ser para o “liberou geral”, mas para testar a transmissão.
Efetivamente, os cientistas alertam que a pandemia não está sob controle. “O arrefecimento mais duradouro da pandemia somente será alcançado com a intensificação da campanha de vacinação, a adequação das práticas de vigilância em saúde, reforço da atenção primária à saúde, além do amplo emprego de medidas de proteção individual, como o uso de máscaras e o distanciamento físico”, afirmou os pesquisadores da Fiocruz.
“As vacinas são especialmente efetivas na prevenção de casos graves. A preocupação com a possibilidade de surgimento de variantes com potencial de reduzir a efetividade das vacinas disponíveis é pertinente e não pode ser perdida de vista”. Eles ressaltam a importância de que a população mantenha as medidas de distanciamento físico social, uso de máscaras, cuidados com a higiene das mãos e que não deixe de se vacinar, conforme o calendário dos municípios.
Com informações: Portal Fiocruz e O Globo