O desrespeito que paira nas coletivas de imprensa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já é velho conhecido dos jornalistas dos mais variados veículos de comunicação. O alvo da vez, para surpresa de ninguém foi uma mulher. A repórter Laurene Santos, da TV Vanguarda afiliada da TV Globo, ao questionar Bolsonaro sobre a obrigatoriedade do uso da máscara, uma vez que ele chegou ao evento em Guaratinguetá (interior de São Paulo), sem o acessório de proteção, recebeu um grosseiro "eu chego como eu quiser, onde eu quiser, eu cuido da minha vida" como resposta.
De forma civilizada, a repórter tentou explicar que o uso da máscara é exigência da lei, mas logo foi interrompida pelo presidente exigindo que ela “calasse a boca”. Como não poderia perder a oportunidade, Bolsonaro aproveitou para insultar a Rede Globo e os demais jornalistas ali presentes com palavrões. Essa não é a primeira vez que esse tipo de situação agressiva, desrespeitosa e constrangedora acontece nos chamados “cercadinhos” onde o presidente escolhe receber, muito mal aliás, os repórteres.
O presidente que inacreditavelmente ainda não aprendeu sobre os deveres de ser o gestor de uma nação, não suporta ser contrariado e usa do autoritarismo para tentar silenciar o serviço que existe, na verdade, para servir de ponte entre ele e sua nação. Para alguém que ama tanto sua pátria, Jair Bolsonaro adora ficar devendo explicações e esquece que a liberdade de imprensa foi consagrada na Constituição de 1988 e é de suma importância para manutenção do regime democrático. Segundo o artigo de opinião do Correio Braziliense: Sem imprensa livre não há democracia, “o jornalista cumpre papel indispensável na relação Estado e sociedade. É o canal de diálogo entre as decisões governamentais e os cidadãos.”
Jair Bolsonaro, respeito é bom e todo mundo gosta, inclusive a imprensa. O fato dos veículos noticiarem diariamente sua incompetência é consequência de suas próprias atitudes, ou pela falta delas. Fazer da imprensa sua inimiga declarada, desde o início do seu trágico mandato, gerou uma onda de violência que resultou em ataques aos profissionais da comunicação nas ruas. Violência essa que o senhor legítima a cada espetaculosa coletiva de imprensa onde costuma atacar, principalmente, mulheres, essas que os senhor considera tão inferiores, fraquejadas.
O Sindsaúde/RN entende a imprensa como sendo pilar fundamental da democracia e ferramenta contra o autoritarismo. Sendo assim, repudiamos todo e qualquer ataque à imprensa, principalmente, quando ela vem do líder da nação. Por fim, registramos nossa solidariedade à repórter Laurene Santos que foi gigante e se manteve profissional mesmo diante de tamanho desrespeito.