Os municípios de Natal, Parnamirim, Santa Cruz, Guamaré, Mossoró e São Gonçalo do Amarante têm leitos bloqueados por falta de insumos e kit entubação. Os medicamentos consistem em anestésicos e relaxantes musculares, essenciais para o processo de intubação em casos de pacientes mais graves.
Na noite de ontem, (29), o Regula RN registrou 32 leitos de UTI e UCI bloqueados por falta dos insumos. Essa falta ocorre em pelo menos sete hospitais. Em São Gonçalo do Amarante, por exemplo, dos dez leitos de UTI disponíveis no Hospital de Campanha, três estão bloqueados por este motivo. Semana passada, o Município chegou a pedir, em ofício, ao Ministério da Saúde quatro mil ampolas de medicamentos que compõem esse chamado kit intubação. No entanto, chegaram apenas cem ampolas de apenas um medicamento, o chamado propofol.
A falta dos medicamentos para o processo de intubação configura mais uma face do colapso na saúde. O procedimento feito a seco, com os pacientes acordados e conscientes, além de desumano, também implica em um risco menor de recuperação. Para Egídio Júnior, presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Norte (COREN), o procedimento de intubação quando realizado sem os sedativos adequados expõe a equipe profissional à riscos que com os medicamentos não existiriam. "O paciente agitado, com dificuldade respiratória e que esboça uma resistência ao procedimento enquanto ele é feito, pode sofrer lesões nas cordas vocais ou até mesmo na traqueia, por exemplo. Esse é um procedimento altamente invasivo que exige pelo menos o mínimo de sedação do paciente ``, explica.
Egídio acrescenta ainda que a falta dos medicamentos prejudica não só os processos de intubação como também os pacientes que já estão intubados com ventilação mecânica, pois essa sedação implica em um maior conforto do paciente e permite que a ventilação cumpra seu papel de encher os pulmões. Um paciente sem estar sedado começa a apresentar uma rejeição ao tubo, culminando em uma extubação precoce que, por sua vez, pode se agravar para uma parada respiratória.
Uma servidora da linha de frente- que preferiu não se identificar- nos contou ainda que considera os medicamentos do kit intubação indispensáveis pelo fato de ser desumano ter que amarrar os pacientes ao leito a fim de evitar que ao recobrar a consciência, estas pessoas se extubem, assim como explicou Egídio anteriormente. "É assustados, brutal e animalesco, expor um paciente que já está à mercê de uma ventiçação mecânica a uma dor terrível como essa", lamenta. A servidora explica também que um paciente intubado, mas consciente de tudo que acontece no seu corpo, pode ainda elevar seus sinais vitais, como a pressão arterial, e acabar tendo um infato, por exemplo.
O Sindsaúde/RN repudia a situação brutal a qual estão sendo submetidos os pacientes do Estado. Intubação sem os medicamentos necessários para sedação, é tortura! Sofrem os pacientes e a equipe que os atendem. Exigimos, com urgência, um posicionamento contundente do Governo do Estado, representado por Fátima Bezerra (PT) para solucionar essa situação absurda. A saúde pública já enfrenta problemas demais. É preciso prezar, não apenas pela vida, mas também pelo bem-estar destas pessoas que encontram-se hoje internadas nos mais diversos municípios.