Quando se perde um (a) trabalhador (a) da saúde para Covid-19, toda sociedade perde um pouco da esperança por dias melhores. Quando se perde um trabalhador da saúde por causa do descaso dos governos, do atraso na vacinação ou da precariedade que permeia seu dia a dia, a saúde pública do país torna-se mais ameaçada. Sucateada. Abandonada.
Quando mais um trabalhador da saúde se vai, é a prova de que taxá-los de heróis é muito mais fácil. É mais fácil esperar que sozinhos eles desenvolvam uma força descomunal, agilidade acima da média, poder de regeneração...Dentre tantos outros poderes que, ajudam a salvar vidas, mas só pertencem aos heróis dos quadrinhos. Estamos falando de seres humanos. E seres humanos se desgastam, se machucam e se vão, quando não recebem os cuidados que merecem.
Perder um trabalhador da saúde significa muito mais do que uma consequência previsível de estar na linha de frente do combate à pandemia. Significa menos uma pessoa para cuidar e salvar vidas. Para as famílias, significa menos um sorriso, uma cadeira vazia no Natal, uma dor que nunca passa. É necessário, mais do que nunca, cuidar de quem cuida. Proteger quem nos protege e entender que o sucateamento da saúde pública é um projeto genocida que prejudica todos os brasileiros, sobretudo os mais pobres.
Em março, o Brasil registrou a triste marca de um profissional da saúde morto a cada dezenove horas. Somente essa semana, o Sindsaúde/RN comunicou o falecimento de sete servidores da saúde. Wigberto de Lima, Josimo Tavares, Denise Mendes, Francisca de Fátima,José do Patrocínio, Lúcia Régia e Lindon Johnson foram os profissionais que nos deixaram em menos de cinco dias. Eles passarão a compor, junto a mais de sessenta servidores, nosso memorial “Memória e trajetória” que tem como objetivo prestar a última homenagem a estes profissionais que dedicaram sua vida a salvar vidas aqui no Estado e morreram enfrentando bravamente duras batalhas.
Arlene do Nascimento, Adail Alves, Aldemaro Cavalcanti, Antônio Pedro, Aleide Bezerra, Clodovil Cavalcante, Débora Cristina, Eduardo Campero, Élio Cesar, Erinete Tenório, Fernando César, Francisco Canindé, Francisco Jares,George Bezerra, Jane Eire de Morais, João Batista, João Bento, José Borges, José Paixão, José Carlos, Jussier Fernandes, Jayme Júnior, Jair Nogueira , Ligia Maria da Silva, Luiz Alves, Maria Altamira, Maria das Graças, Maria Aparecida, Maria Josiene, Maria Lucileide, Marlene Abrantes, Marcílio de Figueiredo, Nanci Neves, Nivaldo Sereno, Odorico Moreira, Paulo Xavier,Paulo Matos, Roberto Souto,Renê Rodrigues, Solon Ferreira, Sônia Maria da Silva, Samir Assi, Suely Medeiros, Sergio F. Silva, Tânia, Ulisses Cabral, Valéria Calife,Valdelucia, Wigberto de Lima,Josimo Tavares, Denise Mendes, Francisca de Fátima,José do Patrocínio, Lúcia Régia, Lindon Johnson.
E tantos outros.
Sentimos muito se nesta vida vocês não tiveram o reconhecimento que mereciam. Esperamos, no entanto, que cada um de vocês tenha partido com a lembrança do sorriso de todos os pacientes que conseguiram ajudar durante suas trajetórias. Nosso muito obrigado por terem feito das unidades de saúde um lugar melhor. Às famílias desejamos força para lidar com esta dor imensurável e o conforto em saberem que seus parentes foram pessoas tão importantes para toda sociedade.
Autor: Francisca Pires