Após pressão dos prefeitos e empresários, o governo Fátima Bezerra (PT), decidiu flexibilizar as medidas de restrição de enfrentamento à pandemia da Covid-19 no estado. A governadora foi na contramão das recomendações do Comitê Científico Estadual de prorrogar por mais 10 dias as medidas restritivas que estão em vigor. Fátima anunciou que vai autorizar a retomada gradual dos serviços não essenciais a partir da próxima segunda-feira (5).
A partir de segunda, o novo decreto libera a abertura gradual do comércio, libera aulas presenciais de escolas e instituições de ensino até o 5º ano do fundamental I, da rede privada de ensino e flexibiliza o funcionamento de igrejas, espaços religiosos e academias, dentre outras coisas. As medidas ainda estabelecem toque de recolher das 20h às 6h e integralmente aos domingos e feriados.
Segundo entrevista coletiva na tarde desta quinta (01), a governadora afirmou que as medidas que o seu governo está adotando através do novo decreto “são fruto do diálogo com os demais poderes, prefeituras, setor empresarial e com os trabalhadores". No entanto, para nós do Sindsaúde/RN, as medidas de flexibilização não passam de atender os interesses dos grandes empresários, que não deixaram de lucrar mesmo diante da pandemia.
Segundo o relatório da Oxfam Poder, Lucros e a Pandemia, lançado em setembro de 2020, enquanto a maioria da população perdeu emprego e renda (país tem hoje cerca de 14 milhões de desempregados e 40 milhões de trabalhadores informais) e mais de 600 mil micros, pequenas e médias empresas já fecharam as portas, os 42 bilionários brasileiros tiveram sua riqueza aumentada em US$ 34 bilhões (mais de R$ 180 bilhões) durante a pandemia.
Só no mês de março, o RN registrou 817 mortes por covid-19. Foi o maior número de mortes registradas por Covid-19 no estado desde o início da pandemia. Além disso, ao menos 172 pessoas com Covid-19 ou suspeita morreram na fila por um leito de UTI em março no estado. De acordo com o comitê científico, os óbitos ainda se encontram em uma tendência de alta no estado e que, apesar da abertura de novos leitos, a taxa de ocupação segue acima dos 97%.
Durante a entrevista, a governadora chegou a falar da vida como ela é, mencionar os 14 milhões de desempregados e o governo Federal “que não tem cumprido seu papel de proteção social às famílias mais vulneráveis e chegar junto no auxílio às empresas”. De fato, do governo Bolsonaro não esperamos nada. É um governo negacionista, que desde o início da pandemia minimizou a doença e a ciência. No entanto, o governo que se diz de origem popular, que veio do movimento sindical, não pode justificar suas ações diante da irresponsabilidade criminosa de um governo genocida. Fátima, deveria se contrapor às medidas que garantem o lucro dos grandes empresários em detrimento da vida da população. Diante da situação que o RN se encontra, o governo deveria reforçar as medidas de restrição e de isolamento, e não ceder à pressão da morte. Assim como, discutir medidas a nível estadual de auxílio à população sem renda.