Nesta terça-feira (26), um novo pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro foi protocolado na Câmara dos Deputados. O documento é assinado por 380 líderes religiosos, como bispos, pastores, padres e frades, ligados a igrejas católicas e evangélicas.
É a primeira vez que lideranças religiosas encaminham uma denúncia contra o presidente por crime de responsabilidade, elevando o número de pedidos de impeachment contra Bolsonaro para 62.
O pedido é assinado por religiosos da Frente Ampla Cristã, tendo o apoio do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), da Comissão Justiça e Paz (órgão ligado à CNBB), da Câmara Episcopal da Igreja Anglicana do Brasil (IEAB), da Aliança de Batistas do Brasil (ABB) e de diversas lideranças católicas e evangélicas.
No texto, redigido pela Associação Brasileira de Juristas pela Democracia ABJD, os autores afirmam que as “ações e omissões” do presidente durante a pandemia são crimes de responsabilidade contra a probidade da administração.
“Bolsonaro atuou contra recomendações de autoridades sanitárias, desrespeitou regras de obrigatoriedade de uso de máscaras, promoveu e estimulou aglomerações, colocou em dúvida a eficácia e promoveu obstáculos à aquisição de vacinas, fez campanha pelo uso de medicamentos e tratamentos não corroborados pela comunidade científica, o que resultou, entre outras consequências, na pressão do Ministério da Saúde para uso dos medicamentos sem eficácia comprovada em Manaus ao mesmo tempo em que se esgotava o estoque de oxigênio na cidade”, diz o pedido.
Segundo os religiosos, Bolsonaro “deixou de fazer o que estava obrigado como presidente” e suas ações “levaram e seguem levando a população brasileira à morte e geraram danos irreparáveis”.
Nesta quarta, mais um pedido, o 63°, será protocolado pelos partidos de oposição PT, PDT, PSOL, PCdoB, PSB e Rede.
Os pedidos chegam em meio a um pico do agravamento da pandemia no país. Nesta terça, o número de mortes pela Covid-19 somou 218.918 vítimas e 8.936.590 casos de contaminados. A média móvel de óbitos subiu pelo 4° dia seguido, chegando a 1.058.
Contudo, os pedidos de impeachment se avolumam a espera de análise da Câmara. Rodrigo Maia (DEM), prestes a deixar a presidência da Câmara dos Deputados, manteve engavetados todos os pedidos durante o último período.
A eleição dos novos presidentes da Câmara e do Senado na próxima semana acontece em meio ao aumento dos pedidos pelo impeachment e também dos protestos pelo Fora Bolsonaro e Mourão, como as carreatas ocorridas no final de semana e outras manifestações que já estão programadas. Porém, assim como fez Rodrigo Maia, sem pressão popular, o Congresso não irá dar um basta por si só à política genocida deste governo de ultradireita, pois o toma-lá-da-cá é a lógica que impera para a maioria destes políticos.
Fora Bolsonaro e Mourão!
Para o dirigente e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, somente com ampla campanha de massa e a participação da classe trabalhadora e da juventude que garantiremos vacinação, já para toda a população, auxílio emergencial imediato e nossos empregos, assim como dar um basta ao governo de Bolsonaro e Mourão.
Como destacou o dirigente na reunião que contou com a participação de mais de 400 ativistas nesta terça-feira para organizar a luta contra o governo, a CSP-Conlutas defende não apenas a luta por ‘Fora Bolsonaro’, mas também pela derrubada de Mourão.
“É preciso derrubar todo o governo, portanto, Bolsonaro, Mourão e toda a corja de ministros e integrantes, pois o projeto e política econômica tem sido de ataque aos trabalhadores, ao povo e ao país”, destaca Mancha.
“As ações genocidas do governo ficaram nítidas com o ataque recente da Ford. Um verdadeiro crime contra o país e tantas famílias que foram jogadas na rua e na miséria. Dia 1º de fevereiro será uma importante e boa oportunidade de realizarmos um forte dia nacional de lutas e mobilizações nacionalmente, e fazer crescer esse movimento pelo fim do governo de Bolsonaro e Mourão”, convocou o dirigente.
Texto original disponível em: http://cspconlutas.org.br/2021/01/por-condutas-criminosas-bolsonaro-e-alvo-de-novos-pedidos-de-impeachment/