Por causa dos elevadores quebrados há mais de três meses, parturientes são obrigadas a subir grandes lances de escada mesmo estando cirurgiadas. Servidores relatam que desde que a unidade foi transferida da Maternidade das Quintas para outro prédio, alugado no Tirol onde funcionava uma clínica particular, foram realizadas inúmeras reformas mal feitas e a estrutura do prédio nunca funcionou como deveria. Considerando que a prefeitura paga mensalmente mais de R$ 60.000,00 em um local onde a acessibilidade é ruim desde a entrada, não entendemos porque esse dinheiro não pode ser investido em um local com melhor estrutura.
Em 2017, o Sindsaúde/RN denunciou a situação precária da maternidade que se estende há pouco mais de cinco anos. O relatório usado na denúncia relatava detalhadamente alguns problemas como: alagamento no subsolo, falta d’água, falta de energia, ausência de um autoclave e defeitos no elevador. Todos esses problemas já interferiam diretamente na realização de cirurgias e atendimentos dos pacientes no geral.
Hoje, quatro anos após o relatório, as reclamações são as mesmas. Servidores e pacientes lidam diariamente com os entraves para realização dos procedimentos em um prédio sem a menor estrutura para tal. Sequer a comida que é servida na Unidade apresenta uma boa qualidade, sendo também uma reclamação dos pacientes. “É sempre assim. A Saúde Pública fica com os restos de um prédio precário após a iniciativa privada usar e lucrar, inclusive em cima do SUS``, lamenta uma servidora.
O episódio mais recente de descaso para com a vida dos pacientes envolveu a filha de uma servidora que tinha acabado de dar à luz. Mesmo tendo feito uma cesária, cirurgia que demanda repouso máximo, nas vezes em que precisou se locomover teve que ser de escada. O relato da mãe da parturiente denuncia que a mulher chegou a subir três andares de escada porque o elevador da unidade não funcionava há meses. Além disso, ao procurar ajuda para denunciar a situação na Unidade, a acompanhante que já estava mal assistida, foi maltratada por uma funcionária que estava trabalhando no dia em questão. O comportamento impaciente da servidora pode não ser justificável, mas dada à exaustão de exercer um trabalho que precisa ser feito em condições de extrema precariedade, é humanamente compreensível. Como sempre, o trabalhador carrega nas costas o peso de realizar um trabalho de excelência sem usufruir das condições mínimas para tal.
Pelo bem-estar tanto das pacientes e seus bebês, ainda tão pequenos e frágeis, quanto de todos os servidores que necessitam de uma boa estrutura para realizar seu trabalho,exigimos, mais uma vez, que medidas contundentes sejam tomadas por parte da Prefeitura de Natal e da Secretaria Municipal de Saúde de Natal para solucionar todos os problemas da Maternidade Dr. Araken Irerê Pinto. Destacamos, ainda, sobre a situação dos elevadores, que não queremos mais um conserto paliativo, pois isso não resolve a situação a longo prazo. É necessário, e urgente, que seja feita a transferência dos serviços da maternidade para outro local com condições de atendimento dignas.