Os profissionais da enfermagem que trabalham nos pronto socorros ortopédicos no Rio Grande do Norte desenvolvem suas atividades sob condições precárias. Trabalham, por exemplo, com EPIs insuficientes, pois a gestão argumenta que esses profissionais não têm contato direto com pacientes contaminados pelo novo coronavírus.
Como estamos em um contexto de pandemia, os pacientes que chegam nas unidades, mesmo com trauma ortopédico, podem estar contaminados. Além disso, para se fazer os procedimentos ortopédicos, precisa-se de contado direto com o paciente, e os espaços para a realização desse trabalho são pequenos e desestruturados. No Hospital Municipal de Natal, por exemplo, não existe uma enfermeira fixa no setor para realizar a triagem.
Além dessas trabalhadoras e trabalhadores estarem expostos à Covid-19, não têm local para se paramentar e desparamentar e não tiveram treinamento para enfrentar esta pandemia.
De acordo com a técnica em enfermagem e trabalhadora do Hospital Municipal, Érica Galvão, estão, desde o início da pandemia, em um improviso total para tentar proteger suas vidas. "Esses governos são assassinos! Nossas vidas não podem estar acima dos lucros!", disse.
Infelizmente, Antônio Pedro Bezerra, de 60 anos, que trabalhava na ortopedia do Walfredo Gurgel e faleceu na última quinta-feira (3) vítima de Covid-19, não foi o primeiro profissional do setor a se contaminar. Antônio é exemplo de que profissionais de qualquer setor podem se contaminar, e que precisam de EPIs adequados, locais para paramentação e desparamentação e treinamento. Além disso, esses trabalhadores não têm acesso a roupa privativa e vestiário para tomarem banho e se higienizarem.
Cerca de 25 pessoas chegam todos os dias no setor da ortopedia do Walfredo Gurgel e estão testando positivo para covid-19, e 1/3 desses pacientes passam pela ortopedia do Hospital Municipal.
O Sindsaúde exige que o governo estadual e a Prefeitura valorizem os profissionais da enfermagem que trabalham nas ortopedias. Fátima Bezerra e o prefeito Álvaro Dias devem garantir melhores condições de trabalho a esses profissionais e priorizar os serviços públicos