O governo Bolsonaro nunca teve interesse nenhum em combater o coronavírus e salvar a vida das pessoas. É contrário à quarentena, inimigo do isolamento social, mau exemplo no uso de máscara e um disseminador de mentiras contra a ciência. Para o presidente genocida, a pandemia é apenas uma “gripezinha”, as mortes dos infectados são o “destino” de todos e ele é “messias, mas não faz milagre”.
Agora, entre o desrespeito com as famílias dos mais de 37 mil mortos e o desprezo pela classe trabalhadora, Bolsonaro finalmente encontrou uma solução para combater a Covid-19. A saída é esconder as informações e maquiar os dados. O governo busca uma recontagem do número de mortos, já que o atual seria “fantasioso ou manipulado”, como disse Carlos Wizard, ex-secretário da Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. Wizard, que mal entrou e já saiu, disse também que os dados estariam inflados e as mortes seriam incluídas na contagem para justificar o aumento no orçamento de prefeitos e governadores.
Como sinal de que a confusão já pode ter começado, neste domingo (07) o Ministério da Saúde divulgou números contraditórios. Primeiro, divulgou o registro de 1.382 mortes em 24h, acumulando 37.312 óbitos no país. Depois, apresentou no site do governo federal o dado de 525 novos mortos e um número total de vítimas de 36.455. De acordo com o ministério, teria havido um erro na contabilização das mortes em Roraima (RR), que somava 762 óbitos, quando o número “correto” seria 139. Além disso, houve “correções” em outros 24 estados. Só o Distrito Federal e Mato Grosso do Sul não tiveram ajustes.
Todo mundo sabe que o problema com as contas no Brasil é a enorme subnotificação, e não o contrário. O país não faz testes em massa e ainda testa muito pouco se compararmos com outras nações. Segundo estudo recente da Universidade Federal de Pelotas, em grandes cidades o número real de casos pode ser até sete vezes maior que o oficial.
Na sexta-feira (05), o ministério já tinha mudado a forma de divulgação dos indicadores do coronavírus, deixando de mostrar dados consolidados. Bolsonaro confirmou as mudanças no boletim diário do ministério. Agora, traz apenas o número de recuperados, novos casos e mortes registrados nas últimas 24h. Antes, o quadro apresentava também os números totais da pandemia no país. Além disso, o boletim passou a ser divulgado por volta das 22h. No começo, a divulgação ocorria às 17h e depois às 19h. Segundo o próprio presidente, essa medida seria para atingir a Rede Globo. “Acabou a matéria para o Jornal Nacional”, disse Bolsonaro rindo, ao responder ao questionamento de um jornalista da CNN Brasil.
Tudo isso demonstra o caminho cada vez mais autoritário e de desprezo pela vida dos trabalhadores que o governo Bolsonaro está seguindo. Ao invés de garantir quarentena geral no país, com distribuição de renda aos mais pobres e informais, Bolsonaro e um conjunto de governadores e prefeitos buscam reabrir comércios e flexibilizar ainda mais o isolamento social. Sem transparência nos dados, Bolsonaro quer aprofundar sua política genocida com base na máquina de fake news.
O governo pretende distorcer os números, mentir que a doença está controlada e que todos podem voltar ao normal, tal qual fez a ditadura militar aos esconder os dados epidemia de meningite, que ocorreu entre 1971 e 1974. Enquanto isso, os mortos por Covid-19 vão se acumulando – principalmente negros, pobres e trabalhadores.
Não por acaso, as pessoas começaram a ir às ruas protestar, contra Bolsonaro, o racismo e em defesa das liberdades democráticas. Neste domingo (07), foram registradas manifestações contra o governo em 20 capitais brasileiras. Mesmo em uma pandemia, os trabalhadores estão começando a perceber que só será possível derrotar o coronavírus com a derrubada de Bolsonaro nas ruas.