A situação das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) de Natal e Grande Natal já chegou ao limite. A capital potiguar conta com 4 Unidades de Pronto-Atendimento (UPA) (Potengi, Pajuçara, Satélite e Cidade da Esperança) e todas estão com a lotação máxima. Isso significa que os leitos reservados para pacientes com suspeita ou confirmação para covid-19 estão todos ocupados. Na falta de leitos, há pacientes sendo tratados em cadeiras. Há pouco mais de uma semana, a UPA de Nova Esperança, no município de Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, amanheceu com as portas fechadas por conta da superlotação. Um aviso na porta trancada da unidade alertava aos que chegavam que "devido à alta demanda, a UPA encontrava-se impossibilitada de receber novos pacientes".
Na madrugada desta segunda-feira (08), a UPA de Pajuçara contava apenas com três técnicos de enfermagem na sala da medicação, atendendo 18 pacientes com suspeita de covid-19. Segundo relato de um técnico de enfermagem, que vamos preservar a identidade, no plantão não haviam médicos. "Falta profissionais. Na segunda estávamos trabalhando sem médicos. Os médicos do dia resolveram dobrar o plantão porque ficaram com pena da gente e dos pacientes. É horrível trabalhar numa situação dessas. Estamos vivendo um terror psicológico", contou.
No último sábado (06), uma paciente da UPA Potengi, denunciou que a coleta de testes para coronavírus é feita dentro de um banheiro da unidade. Um vídeo feita por uma paciente mostra que os materiais usados para a coleta estavam em cima de uma bancada no banheiro enquanto a mãe dela, uma idosa de 76 anos, aguardava para fazer o teste.
No dia 11 de maio, um paciente foi a óbito na UPA Esperança porque o respirador quebrou na hora de entubá-lo. "Nós perdemos um paciente que internou por covid-19, mas ele não morreu por covid-19. Ele morreu porque na hora de entubá-lo o respirador quebrou. Estão morrendo pessoas que poderiam ser salvas", disse o técnico de enfermagem da UPA da Cidade da Esperança, Anderson Oscar de Santana.
Infelizmente, esse é o retrato da saúde pública do município de Natal. Uma saúde que nunca foi tratada como prioridade pelo prefeito Álvaro Dias (PSDB) e nem pelos que o antecederam. O descaso com as unidades de 24h não é de hoje. A UPAs são responsáveis por concentrar os atendimentos de saúde de média complexidade. No entanto, em unidades faltam estrutura e equipamentos de qualidade. Segundo relatos de trabalhadores da saúde, vidas poderiam ser salvas se existissem condições de trabalho.
De acordo com o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, a capital potiguar tem 3.614 casos confirmados de Covid-19 e 140 mortes pela doença. Em todo o Rio Grande do Norte são 9.452 casos confirmados e 424 mortes.
O Sindsaúde defende uma saúde pública de qualidade! Que os trabalhadores da saúde tenham condições de trabalho e EPI's de qualidade. A prefeitura precisa garantir os direitos dos trabalhadores da saúde, garantir testes para os profissionais de saúde e convocar o cadastro de reserva do último consurso para diminuir a sobrecarga de trabalho.