O Fórum Estadual dos Servidores do RN vem por meio desta nota demonstrar apoio à ação do lockdown feita pelo Sindsaúde RN. Reforçamos também a importância da unidade da luta por melhores condições de trabalho e contra os ataques dos governos, sobretudo diante desta grave crise sanitária gerada pelo novo coronavírus.
De acordo com o último Boletim Epidemiológico divulgado pela Sesap/RN, o Rio Grande do Norte totaliza 3.483 casos confirmados de Covid-19 e 160 óbitos. Os leitos públicos estão todos ocupados. O Hospital Giselda Trigueiro, por exemplo, fechou o pronto socorro nessa segunda-feira (18) e transferiu pacientes internados com outras doenças para o Hospital Universitário Onofre Lopes. Os servidores da saúde trabalham sob condições precárias, com unidades em más condições físicas e sem insumos.
Além de estarem com salário defasado e atrasado, estão trabalhando sem os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) suficientes e adequados. E ainda não receberam o adicional de insalubridade.
Mesmo diante desse cenário, o governo Fátima Bezerra (PT/PCdoB) não adota o lockdown e ainda flexibilizou a quarentena, reabrindo serviços não essenciais. O estado atingiu a taxa de 39% de isolamento social, a 5ª pior do Brasil. As autoridades de saúde recomendam que o isolamento esteja em, no mínimo, 60%. Cidades do Nordeste como São Luis, Belém e Fortaleza já adotaram a quarentena geral. O lockdown é a política mais eficaz para evitar mais contaminações e não colapsar o sistema de saúde.
As políticas do governo estadual de enfrentamento à pandemia são insuficientes e não atacam os interesses dos ricos. Fátima mostra cada vez mais que não está do lado da classe trabalhadora.
No início do ano passado, ela criminalizou a greve dos servidores da saúde e quis mexer nas licenças-prêmio. Além disso, enviou para a Assembleia Legislativa uma reforma da Previdência criminosa, que penaliza sobretudo as mulheres trabalhadoras. Entre os pontos mais cruéis estão: aumento das alíquotas para as trabalhadoras que ganham menos, taxação das aposentadas, aumento de 5 anos na idade mínima, diminuição do valor da pensão por morte, mudanças na média aritmética e diminuição do benefício, e a retirada do direito à aposentadoria especial por atividade insalubre.
É necessário o abastecimento das unidades com materiais de limpeza e desinfecção. Esses materiais são indispensáveis para a prática segura dos cuidados aos pacientes com doença respiratória infectocontagiosa. É notório que a assistência aos usuários com esse grau de exposição exige o uso de EPIs, como orientam as autoridades de saúde.
Cresce também o número de profissionais da saúde afastados do trabalho sob suspeita de contaminação e muitos não têm sequer acesso ao exame de testagem. Hoje são 600 casos de trabalhadores da saúde infectados pela doença e 11 mortes. Essa precarização do trabalho está fragilizando ainda mais a saúde física e mental dos servidores que estão na luta há anos por melhoria nas condições de trabalho. Muitos estão precisando de assistência psicológica para lidar com esse caos na saúde e ainda têm de se manter isolados dos seus familiares.Nosso sistema de saúde já estava colapsado antes mesmo da pandemia e isso foi agravado com a crescente procura pelos serviços de saúde. Temos 110 leitos judicializados há tempos e que até hoje não foram abertos. O governo também não dá respostas sobre os leitos que iriam substituir os do hospital de campanha. As pessoas estão morrendo por falta de assistência.
Por tudo isso, o Fórum reforça seu apoio ao lockdown. O governo estadual deve priorizar a saúde da nossa classe e os serviços públicos. Reforçamos também que continuaremos lutando pelo pagamento dos salários atrasados e contra todos os ataques do governo Fátima. O lucro não pode se manter acima da vida.