Diante da repercussão do pedido do Sindsaúde RN para instalação do lockdown (isolamento obrigatório), declaramos que:
O Sindsaúde RN resolveu pedir que o governo do Estado decrete o lockdown (isolamento obrigatório) em base a dois dados trágicos:
O primeiro dado é que hoje já temos mais de 100 mortes (sem contar a subnotificação e os casos em investigação que somam 56 óbitos) e que nos aproximamos da superlotação, onde já existem 33 pessoas à espera de um leito de UTI com respirador, como foi amplamente noticiada pela grande imprensa e pela SESAP.
O segundo dado é que os trabalhadores da saúde estão sendo infectados massivamente e já se aproximam de 500 casos aqui no RN, que todos dizem que são heróis e heroínas, mas não estão acompanhando o drama cotidiano destes profissionais no front da guerra. Esses trabalhadores não são números, não são estatísticas. Eles têm histórias, tem família e merecem respeito. Nesta quarta-feira (13), durante o protesto que os servidores da saúde faziam em frente ao hospital Santa Catarina, recebemos a notícia de que mais um trabalhador de saúde havia abandonado a luta, vitimado pelo covid-19. Francisco Canindé, era maqueiro do hospital Santa Catarina, tinha 60 anos e morreu porque não havia respirador. O hospital Walfredo Gurgel, maior hospital do estado não é uma unidade especializada em tratamento da Covid-19, mas já registra pelo menos 30 trabalhadores da saúde infectados com a doença.
Como os trabalhadores da saúde vão cuidar da saúde da população se eles mesmos estão infectados?
Infelizmente, estes dados revelam que a propagação do vírus está acelerada e a quarentena parcial decretada não está funcionando, pois quase 70% da população do Estado já está circulando. No Brasil, o RN ocupa a 5ª posição entre os que menos têm adotado as medidas do afastamento. Já no nordeste, o estado potiguar tem a pior taxa de isolamento social.
O mês de maio e de junho vão ser os meses mais difíceis para o povo brasileiro, diante desta pandemia. A previsão é que dentro de algumas semanas morrerão mais de mil brasileiros por dia. Todo dia, durante mais de 1 mês.
Quantos mortos são necessários para decretar a quarentena rigorosa?
Temos que chegar na situação de Manaus, empilhando corpos para enterrar como indigentes, sem direito a velório?
Ademais, estamos ladeados pelos estados do Ceará e de Pernambuco, que já não tem controle sobre a propagação do vírus, já que entrou em colapso a saúde pública dos dois Estados.
A experiência da China, Itália, Espanha, França e Inglaterra revelam que o lockdown, decretado por várias semanas, foi a medida correta que permitiu diminuir o número de mortos, e portanto, evitar a morte de centenas de milhares de pessoas.
Estados Unidos e Brasil são os países que seus respectivos presidentes impedem que haja uma quarentena, ao minimizarem a pandemia. Por irresponsabilidade de dois genocidas (Trump e Bolsonaro), morrerão centenas de milhares de brasileiros e norte-americanos.
Grandes empresários defendem seus lucros, mesmo morrendo milhares de norte-rio-grandenses
Os grandes empresários do RN, industriais e comerciais, estão lançando notas contra o lockdown e dizem que temos que preparar a reabertura total dos negócios. Queremos acusar estes grandes empresários, milionários, de genocidas! Eles defendem isso para garantir seus lucros privados enquanto a população pobre morrerá sem ter atendimento hospitalar. Eles não precisam da saúde pública porque serão atendidos em hospitais 5 estrelas, alguns vão de UTI aérea, para São Paulo, caso se infectem com o vírus. Não estão nem aí para a população que precisa da saúde pública.
Deles não esperávamos uma atitude diferente, porque estão defendendo seus lucros, mesmo custando a vida da população pobre.
Os pequenos negócios também sofrem com a quarentena e o lockdown. Entendemos que uma parte da população tem que sair para trabalhar na rua porque não dispõe de rendimentos. Inclusive, o governo federal está dificultando a ajuda de 600 reais, para que os trabalhadores informais pressionem para acabar com a quarentena. Porém, a saída não é liberar todos estes serviços, porque eles mesmo se contaminarão e deixarão suas famílias órfãs. É obrigação do governo federal, estadual e municipal, assim como de toda a sociedade, gerar uma renda mensal para estas pessoas, para que garantam sua permanência em casa.
A governadora e o prefeito devem taxar os 100 maiores empresários do RN que juntos devem 8 bilhões ao estado, com esse dinheiro o estado deve distribuir renda de um salário-mínimo para desempregados, trabalhadores do mercado informal e rurais, e pagar o salário atrasado dos servidores públicos. O poder Legislativo possui 100 milhões em caixa, esse dinheiro deve ser revertido para a compra de testes rápidos para toda a população. O poder judiciário possui 253 milhões em caixa, esse dinheiro deve ser destinado a compra de Respiradores, EPIs e abertura de novos leitos. O Arena das Dunas consome mensalmente 12 milhões dos cofres públicos, a governadora deve parar de pagar a OAS e destinar essa verba para a abertura de um hospital de campanha.
Exigimos do Governo do Estado, de Fátima Bezerra e do PT/PCdoB, que não ceda à pressão da morte e aos interesses dos grandes empresários, porque, com isso, se tornarão cúmplices de centenas e milhares de mortes que poderiam ser evitadas.
Salvar milhares de vidas no Estado não vale o preço da perda de uma pequena parcela dos lucros destes grandes empresários? Acreditamos que a vida de milhares de trabalhadores e trabalhadoras do RN está acima dos superlucros de um punhado de grandes empresários bilionários.
Até tu, Geraldo Ferreira?
Nos causou surpresa a nota assinada pelo presidente do Sindicato dos Médicos do RN, que faz parte dos profissionais da saúde e deveria se basear na ciência e em salvar vidas. Do total de leitos que Geraldo Ferreira fala, mais da metade é do setor privado, que a população pobre não tem acesso. O sistema já estava lotado antes da pandemia, com outras enfermidades, que não desapareceram. Assim, os leitos de UTI para coronavírus já estão no limite na Grande Natal (94% ocupado) e em Mossoró (89% ocupado), segundo dados da SESAP, no dia 13 de maio, disponível em https://www.instagram.com/p/CAJLyojlJQc/?igshid=vksbgq5cox95.
O presidente do Sinmed também sabe que pesquisas científicas realizadas em todo o mundo, em milhares de pacientes com covid-19, demonstraram que “não houve redução de mortes com o uso da hidroxicloroquina em pacientes infectados pelo novo coronavírus”, acesse informação em https://exame.abril.com.br/ciencia/hidroxicloroquina-nao-reduz-mortes-por-covid-19-mostra-estudo/. Até entenderíamos este argumento sobre a cloroquina ser levantado por Trump, já que ele é um dos donos da Sanofi, laboratório que produz a cloroquina.
No entanto, Geraldo Ferreira prefere concordar com um dos donos da Sanofi ao invés de acreditar nas pesquisas realizadas por médicos de todo o mundo. Os argumentos da nota assinada por Geraldo Ferreira são os mesmos de Bolsonaro. Uma pena um reputado médico, abandonar a ciência para se solidarizar com os argumentos ideológicos de um presidente genocida.