Na última segunda-feira (11), o secretário adjunto de Saúde, Petrônio Spinelli, declarou que os leitos de UTI do Rio Grande do Norte encontram-se superlotados, ou seja, já atingiu 100% de sua capacidade. Na segunda, o número de pessoas aguardando por uma UTI, segundo a Sesap, eram de 32 pessoas.
Mesmo apresentando esse quadro crítico, o secretário afirmou que a saúde ainda não entrou em colapso. De acordo com Spinelli, a saúde entra em colapso quando um paciente com a Covid-19 - que precise de respirador - não puder ser atendido.
Então, nós perguntamos. Para o governo, o colapso será quando todos nós morrermos? Essas pessoas que aguardam por uma vaga na UTI e que estão em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) ou hospitais no interior do estado vão morrer esperando? É preciso avisar ao secretário que tem gente morrendo nas unidades de emergência, sem respirador. Na madrugada desta segunda, um paciente foi a óbito após precisar do respirador, e no momento de entubá-lo, o respirador quebrou. Não foi o covid-19 que vitimou mais uma pessoa aqui no estado, foi a negligência dos governos perante as condições oferecidas aos trabalhadores da saúde e à população que necessita do serviço.
Na entrevista, o secretário ainda tenta responsabilizar a população pelo baixo índice de isolamento social, no Estado. Mas, essa responsabilidade são dos governos que flexibilizaram as medidas de isolamento, criando um relaxamento na quarentena. A governadora Fátima Bezerra (PT) flexibilizou a abertura do comércio e indústrias, enquanto o presidente Bolsonaro dá suas "saidinhas da tarde", faz aglomeração e desrespeita as medidas de isolamento.
Para evitar mais mortes não há outra medida no momento que não seja a paralisação imediata de todos os setores não essenciais. Sem uma quarentena de verdade, vai ocorrer um genocídio. Mas para isso, é preciso garantir renda para que não tenham de sair às ruas. Bolsonaro precisa garantir o pagamento imediato do auxílio e aumentar essa ajuda para um valor que, no mínimo, garanta a sobrevivência de desempregados e informais.
É preciso colocar imediatamente os leitos hospitalares da rede privada a serviço do SUS e construir novos leitos. Garantir os equipamentos de proteção aos trabalhadores da saúde que estão adoecendo e distribuir materiais de higienização à população. Dessa forma, podemos evitar uma tragédia que já vem sendo anúnciada há anos com os cortes na saúde pública, privatização dos serviços e sucateamento dos hospitais.