No mundo estamos próximos de romper a barreira dos 400 mil infectados, países como Itália, Espanha e EUA que se negaram a tomar medidas sanitárias minimizando o Covid-19 colhe seus frutos podres. No Brasil, uma economia extremamente dependente da venda de produtos primários não é diferente, e a tendência é ser pior, uma vez que, mais de 50% da população não tem saneamento básico e os investimentos em saúde pública são escassos fazendo do Brasil um cenário perfeito para essa doença.
As declarações do presidente Bolsonaro e as recentes declarações do presidente do Congresso reforçam o que pensam as classes dominantes que governam esse país (empresários, latifundiários, banqueiros e especuladores). Todos eles desejam se aproveitar da crise para atacar direitos e condenar a população pobre à morte. Ou seja, os patrões e seus governos se preocupam apenas com o lucro de suas fortunas.
Nesse sentido, mesmo em momento de pandemia não podemos dar trégua para esses governos que se aproveitam da situação para atacar nossos direitos, e essa falta de compromisso se expressa nas condições em que se desenvolve o trabalho dos profissionais de saúde e o pessoal de apoio, em que a maioria dos trabalhadores não têm acesso aos EPI's, o que constitui um crime, uma vez que, já foi comprovado que os trabalhadores da saúde são extremamente vulneráveis a contaminação.
Desde que decretou-se pandemia poucas medidas concretas foram implementadas pelo governo Bolsonaro. Pelo contrário, governo tem feito opções de preservar o lucros dos patrões em detrimento da saúde da população como edição de MP's que prevê até a suspensão de contratos de trabalho. Nós do Sindsaúde RN afirmamos que esse governo não pode jogar nas costas dos trabalhadores a crise econômica provocada supostamente pela pandemia e nem tem o direito de salvar empresários, condenando a classe trabalhadora e a população brasileira ao adoecimento.
Em Natal não é diferente, apesar do decreto de emergência da prefeitura que prevê toda uma série de medidas para barrar o contágio do coronavírus, os trabalhadores da saúde vêm denunciando a situação dos seus locais de trabalho que não disponibilizam EPI's e não afastam trabalhadores da saúde que encontram-se no grupo de risco, ou mesmo que apresentam algum sintoma de doença diante do atestado. Apesar de cotidianamente a prefeitura de Natal anunciar medidas de combate a pandemia segue negligenciando seus próprios servidores, fechando os olhos para a situação dos servidores da saúde que comprovadamente são os mais vulneráveis a contaminação.
Nesse contexto, com o aprofundamento da doença já é fato que os trabalhadores da saúde serão amplamente contaminados. Porém, o prefeito Álvaro Dias (PSDB) e sua equipe, pouco ou nada vêem. Fecham os olhos e contraditoriamente vêm proibindo os profissionais de se consultarem na própria rede pública como denunciam alguns servidores. Outra situação é o caso do Hospital Municipal de Natal, onde os médicos da Cooperativa continuam mantendo o funcionamento de um serviço ambulatorial no mesmo espaço da ortopedia, promovendo aglomerações e colocando em risco a vida de trabalhadores e usuários que acessam corretamente o serviço de pronto socorro ortopédico. No PSI Sandra Celeste do HMN a situação não é diferente, aglomerações, pacientes suspeitos e inexistência de EPI's colocam profissionais em risco. Nas UPA's o retrato é caótico. Faltam EPI's e pacientes se aglomeram, inclusive recebemos a denúncia de uma servidora que prestou assistência durante 12h, e só no final do plantão foi informada que o seu paciente era suspeito de contrair COVID-19.
Dessa forma a prefeitura do Natal está condenando os servidores da saúde ao adoecimento e promovendo o oposto de sua missão que seria o combate a pandemia.
A prefeitura prepara o Hospital Municipal para ser referência, porém a realidade é bem diferente. O hospital não tem condições nenhuma de ser referência, pois não tem estrutura, faltam profissionais, EPI's. Além disso, os trabalhadores de apoio e de outras categorias que mantém o serviço funcionando não têm direito sequer ao uso de equipamentos de proteção. Estão trabalhando totalmente desprotegidos.
Para nós do Sindsaúde RN a situação é de caos em Natal, pois, para além das condições sanitárias de trabalho, os profissionais de saúde não estão sendo respeitados e estão arriscando as suas vidas e a vida de seus familiares. Acreditamos que o combate a pandemia passa essencialmente pela preservação a saúde de quem cuida da saúde da população.
Por isso, a prefeitura do Natal deve rever seu posicionamento e afastar imediatamente os servidores da saúde do grupo de risco, garantir EPI's adequados a todos os trabalhadores da saúde, fechar o ambulatório ortopédico privilegiando atendimento de urgência e emergência neste serviço e valorizar os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, garantindo todos os direitos que compõem suas remunerações, inclusive corrigindo as perdas salariais.