Há uma semana da data em que faz referência ao dia internacional de luta das mulheres, quatro mulheres foram brutalmente assassinadas no último final de semana, no interior do Rio Grande do Norte. Os crimes de feminicídio aconteceram no domingo (01), nas cidades de Taipu, Arez, Taboleiro Grande e Francisco Dantas.
Em Taipu, a pouco mais de 50 quilômetros de Natal, a vítima foi Ieda Railene Nascimento Coutinho da Silva, de 28 anos, morta a golpes de machado. O esposo dela foi preso e confessou o crime. Ele contou que a motivação foi ciúmes da companheira.
Em Taboleiro Grande, no Oeste do estado, a vítima foi Karla Simone da Silva, de 30 anos. Ela foi morta a facadas e pauladas, dentro de um motel da cidade. Segundo as investigações, o assassino é um ex-companheiro da vítima que não aceitava o fim do relacionamento. Ele teria reconhecido o carro de Karla estacionado no motel e entrou se passando por cliente. Depois furou os pneus do veículo e quebrou a porta do quarto onde Karla estava com o atual namorado. A polícia acredita que o homem atacou a mulher com uma faca e um pedaço de madeira.
Em Arez, na Grande Natal, a vítima foi uma adolescente de 16 anos, morta a pauladas e em Francisco Dantas, também no Oeste potiguar, uma mulher também foi morta a machadadas. O suspeito foi preso pela PM, mas a vítima ainda não foi identificada.
Todos esses casos mostram a face mais cruel do machismo que a cada dia vitimiza as mulheres, em especial as mulheres negras, como aponta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2019. As mulheres negras representam 61% das mortes. Além disso, cerca de 70% possuem baixa escolaridade e estudaram até o ensino fundamental.
Os homicídios reduziram no país, mas isso não se aplica quando se faz o recorte de gênero. Os assassinatos de mulheres aumentaram. De acordo com o levantamento, os casos de homicídios diminuíram 10%, mas os de feminicídio aumentaram em 4% no mesmo período. Houve ainda um aumento de 62,7% do crime de assassinato de mulheres em comparação com 2015, ano em que a Lei do Feminicídio foi criada. Em quatro anos, foram registradas mais de 2 mil mortes de mulheres, o que significa uma vítima a cada oito horas. Os casos de lesão corporal também cresceram de 2017 a 2018 e cresceram de 252.895 registros para 263.067. O que representa que a cada dois minutos uma mulher sofre violência doméstica no Brasil.
Esses dados assustam mais quando apontam que 88,8% dos agressores são pessoas próximas às vítimas, como ex-maridos ou parceiros. A violência é cometida dentro de casa e são 65,6% dos casos. “Infelizmente, o machismo e a negligência dos governos em políticas públicas para mulheres vem matando as mulheres. Pra completar, o discurso de ódio contra as mulheres impulsionado pelo presidente Jair Bolsonaro só cresce, na medida em que ele dá o aval para mais casos de feminicídio ocorrerem”, declarou Kelly Jane, da secretaria de Mulheres do Sindsaúde RN.
O governo Bolsonaro reduziu a zero os investimentos nas políticas de atenção às vítimas de violência. As políticas apresentadas pela ministra da família, mulher e direitos humanos – Damares Alves – deixam evidente que o governo Bolsonaro não tem nenhuma responsabilidade com a vida das mulheres. A secretaria da mulher, que é parte do ministério de Damares, teve uma redução de R$119 milhões para 5,3 milhões em seu orçamento.
Nós do Sindsaúde nos colocamos a disposição para dialogar sobre a violência machista e o feminicídio com as servidoras e servidores da saúde. É necessário compreender que a luta das mulheres deve ser abraçada por todas e todos e que o machismo deve ser combatido diariamente. Exigimos dos governos mais investimento em políticas públicas de combate à violência contra as mulheres. A lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio são importantes conquistas do movimento feminista, mas o que é investido há anos nunca foi suficiente. No governo do PT era investido 0,26 centavos por mulher, hoje, sob o governo Bolsonaro, o investimento é zero.
Convocamos todas e todos a construir o ato no dia 9 de março aqui em Natal/RN. A concentração será às 15h, na Catedral da Av. Deodoro da Fonseca. Por todas que tombaram e às que continuam na luta por um mundo melhor, sigamos juntas. Nenhuma a menos! Nossas vidas importam! Bata de feminicídio e violência machista!