Nas reuniões com as categorias, a governadora Fátima Bezerra (PT) faz questão de lembrar que já foi sindicalista, mesmo exercendo há 24 anos cargos políticos. A governadora tem um vasto histórico parlamentar. Já foi Deputada Estadual de 1995 a 2002, Deputada Federal 2003 a 2015, Senadora 2015 a 2018 e atualmente é governadora do Rio Grande do Norte, assumindo no início de 2019.
O discurso da boca pra fora as vezes é muito bonito. Lembrar do passado e resgatar suas lutas não faz de Fátima Bezerra e seu secretário de Saúde, Cipriano Maia, representantes dos trabalhadores. Isso não significa apagar suas trajetórias de luta, mas, também, não quer dizer que a Governadora é a mesma de 1992, por exemplo, onde assinou uma tese para o VI Congresso Estadual dos Trabalhadores em Educação do RN quando era professora.
A tese intitulada “Por Um Sinte de Luta Democrático e Plural” denunciava as políticas do governo estadual de José Agripino e seu autoritarismo que impedia o relacionamento democrático com as entidades de classe. “Na sua prática vem dificultando o diálogo com legítimos representantes das categorias de servidores públicos, expressando através de seus assessores que “quem tem que decidir aumento de salários é o governo e o fará na hora certa”.
A Fátima sindicalista era defensora dos interesses dos trabalhadores, do direito de greve e contra o corte de ponto. Mas, como governadora, na prática, vem agindo como Agripino, Wilma de Faria, Rosalba e Robinson Faria. No início de seu mandato como governadora, Fátima criminalizou a greve da saúde, proibindo o direito de fazer greve, mesmo sendo legal e previsto em lei. Na petição que o Governo apresentou, a governadora declarou que a saúde não pode fazer greve. Só após ampla denúncia do Sindsaúde, a governadora voltou atrás da decisão.
Agora, a governadora e seu secretário de Saúde, Cipriano Maia, já conhecido por colocar falta nos servidores da saúde do município de Natal, cortam o ponto dos servidores do estado por lutarem em defesa dos seus direitos. Na última reunião na Sesap, o secretário declarou com todas as letras que "quem se ausenta tem que levar falta", pois os servidores devem ter compromisso com o trabalho e reafirmou seu posicionamento contra as paralisações.
Os servidores da saúde que ousam lutar estão recebendo falta nos dias de paralisações de advertência. A categoria aprovou em assembleia a realização de paralisações todas as sextas-feiras até que a governadora aponte um calendário dos salários atrasados.A saúde tem motivos de sobra para realizarem paralisações. Estão com salários congelados há mais de 10 anos, não receberam os salários de novembro, dezembro e 13º de 2018. Os corredores são superlotados de pacientes, faltam medicamentos básicos, os serviços são precários, os servidores estão sobrecarregados porque o déficit de profissionais é muito alto. Portanto, as paralisações da saúde são legítimas e é conseqüência não só dos atrasos salariais, que acometem os servidores estaduais, mas, também, pelas próprias condições de trabalho.
Nós do Sindsaúde RN repudiamos as faltas arbitrárias e a postura autoritária do Governo Fátima. Exigimos que as faltas sejam restituídas e abonadas aos servidores. É inadmissível que a governadora que se diz de origem popular e ex-sindicalista use as mesmas práticas de governos que até então era oposição no passado. A governadora utiliza argumentos do próprio Zé Agripino que justificava a falta de recursos financeiros para não pagar os servidores, enquanto isso, não taxa a dívida dos maiores devedores do Estado.
O tempo de desculpas acabou, governadora! Se não tem dinheiro, corte dos ricos e empresários e pare de adotar medidas protecionistas anistiando essas dívidas. Pare de cortar na carne dos servidores, daqueles que mais precisam e que mesmo trabalhando em condições precárias e desumanas doam seu suor para salvar a vida da população mais necessitada.