No último dia 28 de março, durante sessão ordinária na Assembleia Legislativa, o deputado estadual do Rio Grande do Norte Coronel Azevedo (PSL), leu em plenário a Ordem do Dia assinada pelo Ministério da Defesa, em alusão ao dia 31 de março de 1964, quando instaurou-se um regime militar no País.
A Ordem do Dia foi determinada pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), que ordenou que o Ministério fizesse as comemorações devidas. No texto, utilizando-se de desinformação, tenta-se justificar a ditadura militar, que matou, torturou e perseguiu contrários ao regime.
Durante a sessão, os servidores da saúde em greve, gozando de seus direitos democráticos, acompanharam a sessão e protestaram durante o pronunciamento do coronel, que, no uso da palavra, desrespeitou os servidores, com o ditado popular “Quando um burro fala, os outros baixam a orelha”, querendo silenciá-los. E Mesa Diretora ameaçou chamar seguranças e expulsar os servidores das galerias.
Este ano completam-se 55 anos desse período nefasto da história brasileira. De acordo com relatório final da Comissão Nacional da Verdade, em 2014, a ditadura deixou 434 pessoas mortas ou desaparecidas ao longo desses 21 anos.
Durante este período democrático, o Brasil não avançou no processo de reparação e investigação dos crimes da ditadura. Muitos não foram responsabilizados, como o torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, ídolo de Bolsonaro, morto em 2015 sem responder por seus crimes.
O Sindsaúde é contra qualquer tipo de alusão positiva à ditadura militar. Repudiamos a postura do deputado e do presidente, que comemoram essa data sombria para muitas lutadoras e lutadores que ousaram lutar contra esse regime. Exigimos a abertura dos arquivos para acesso público aos documentos desse período, justiça e reparação às vítimas e prisão a todos os assassinos e torturadores.