Finalmente, o Sindsaúde se reuniu com a Governadora Fátima Bezerra (PT), nesta quinta-feira (21), para discutir a pauta de reivindicações da greve da categoria que completou 45 dias. A reunião que estava prevista para iniciar às 16h30, só começou às 18h. A comissão que representou os servidores grevistas foi composta por cerca de 15 pessoas, dentre elas, diretores do Sindsaúde e base.
A reunião iniciou com uma fala de apresentação do Coordenador do Sindsaúde-RN, Breno Abbott, que criticou a postura do governo em judicializar a greve da saúde. “Estamos completando 45 dias de greve e amargando salários atrasados. Nós do Sindsaúde achamos que foi um erro político não pagar os salários atrasados, assim como, declarar que a saúde não pode fazer greve, criminalizando o nosso direito de lutar. Esperamos que essa reunião traga alguma luz para apresentarmos na assembleia da categoria que será na próxima segunda (25)”, disse Breno.
Em resposta a ilegalidade da greve, a governadora declarou que não pediu a ilegalidade e que foi um erro de comunicação. “Não autorizei. O procurador já está entrando com uma petição para retirar a ilegalidade”. No entanto, a decisão de manter 70% dos servidores nas unidades de saúde permanece.
Na reunião, houve muitas falas de indignação e revolta dos servidores e servidoras presentes. "Pedimos um olhar especial para a saúde. É uma categoria sofrida que vem adoecendo e passando fome. Há 9 anos estamos sem reajuste salarial. A situação está muito complicada", disse Maria do Carmo, diretora do Sindsaúde-RN.
A greve da saúde tem como pauta principal, o pagamento dos salários atrasados, uma realidade enfrentada não só pelos servidores da saúde, mas também de todo o funcionalismo público do Estado. Fátima Bezerra que disse entender a luta da categoria por ter sido sindicalista, declarou que não será irresponsável em apresentar uma data de pagamento sem ter perspectiva.
“Infelizmente não temos condições de apresentar uma resposta concreta sobre os atrasados. Eu não tenho máquina de fazer dinheiro, não tenho o poder e nem quero iludir vocês. Peguei um tsunami”, diz Governadora se referindo ao Estado.
A servidora do hospital Santa Catarina Josenilde, não conseguiu segurar as lágrimas e desabafou sobre a situação que está enfrentando. “Eu sou ASG, acredito que o meu salário seja o menor dessa sala. Sou mãe de dois filhos. Somos só nós três. Eu tenho que pagar as minhas contas, mas não posso dizer que não paguei porque o governo não me pagou. Estou com dívidas, quem tem me ajudado é minha mãe que é aposentada e ganha apenas dois salários mínimos”, desabafou.
Mesmo apresentando o drama em que a saúde se encontra e dando alternativas, como parcelamento dos atrasados, a governadora disse que a perspectiva para venda dos royaltys é para final de abril e que só com esse dinheiro é possível iniciar os pagamentos. Ainda, declarou que não irá permitir atrasar mais do que está atrasado e que vai trabalhar para pagar as folhas de 2019 dentro do mês.
Após suas declarações, a governadora precisou se ausentar para outro compromisso, mas a reunião seguiu com o Secretário de Planejamento, a Secretária de Administração e representantes da Sesap, para discutir a pauta específica como a implantação da mudança de nível de 2016, a insalubridade, implantação do Enquadramento, autorização e implantação da Jornada Especial e conclusão do pagamento das restituições do IPERN aos servidores da saúde.
Na próxima segunda-feira (25), haverá uma nova assembleia da saúde estadual, às 9h, no auditório do Sindicato dos Bancários (Av. Deodoro da Fonseca, 419, Petrópolis, Natal/RN. Nesse encontro, o Sindsaúde irá dar mais detalhes sobre a pauta específica e os próximos encaminhamentos da luta.