O Sindsaúde-RN convocou uma assembleia de urgência com os servidores da saúde, em greve há 38 dias, após judicialização da greve, pelo Tribunal de Justiça do RN, a pedido do Governo de Fátima Bezerra (PT). A assembleia aconteceu na manhã desta quinta-feira (14), para avaliar a decisão judicial que determina que pelo menos 70% dos servidores trabalhem durante a greve. Na tentativa de criminalizar a luta dos servidores da saúde, o governo Fátima segue a mesma cartilha de Robinson e proíbe o direito de fazer greve, mesmo sendo legal e previsto em lei. Diante dessa decisão, os servidores aprovaram a continuidade da greve, com 70% dos servidores nas unidades.
Na petição que o Governo apresenta, declara que a saúde não pode fazer greve, caracterizando o movimento como ilegal porque prejudica a população. No entanto, esquece que a população é prejudicada mesmo não tendo greve. Os corredores são superlotados de pacientes, faltam medicamentos básicos, os serviços são precários, os servidores estão sobrecarregados porque o déficit de profissionais é muito alto. Portanto, a greve da saúde é legítima e é consequência não só dos atrasos salariais, que acometem os servidores estaduais desde 2016, mas, também, pelas próprias condições de trabalho.
Para Vanessa Cabral, atual diretora do Sindsaúde, essa medida é antidemocrática e afeta diretamente os direitos dos trabalhadores. “Quer dizer que o governo pode deixar de pagar nossos salários e nós não podemos fazer nada?”, questiona Vanessa sobre a falta de pagamento dos salários de novembro, dezembro e do 13° salário de 2017 e 2018.
Devido a atrasos nas folhas de pagamento, milhares de servidores públicos do estado estão passando por muitas dificuldades financeiras, acumulando dívidas nos bancos, atrasando contas, e deixando até de se alimentar e pagar transporte até o local de trabalho. A decisão gerou revolta na categoria e nos diretores do Sindicato. O enfermeiro e também coordenador do Sindsaúde, Breno Abbot, destaca a impopularidade das ações do Governo de Fátima Bezerra: “Esse documento é inadmissível, nós não podemos aceitar de forma nenhuma essa atitude desse governo, que diz que é popular, impedir a categoria da saúde de fazer greve”, afirma.
Para os governos, infelizmente, a justiça age de forma muito rápida. A decisão foi publicada no dia primeiro de março, véspera do carnaval, e o Sindicato já foi comunicado. Diferente de ações que representam os trabalhadores e demoram anos para serem cumpridas. O Sindsaúde-RN já recorreu da decisão e tem até 15 dias úteis para apresentar defesa. “O poder Judiciário, mesmo apontando legalidade da greve da saúde, infelizmente atuou para esvaziar o exercício deste direito para trabalhadores ao atribuir o percentual de 70 por cento”, argumenta Adonyara Azevedo, advogada do Sindsaúde que prestou esclarecimentos à base a respeito da decisão.
Na ocasião, também foi aprovado um novo calendário de atividades e mobilizações.
CALENDÁRIO GREVE:
18/03 - Comissão vai até Governadoria, tentar audiência com a Governadora
19/03- Ato Sesap
22/03 - Ato contra a reforma da Previdência
25/03 - Nova Assembleia
Confira o album de fotos da assembleia: