Na Espanha, Argentina, Itália, França, Estados Unidos e em vários outros países está sendo convocada, mais uma vez, uma greve internacional de mulheres para o 8 de Março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.
No Brasil, há confirmação de atos em, ao menos, 16 cidades espalhadas pelo país – confira a lista de locais ao final da matéria.
A CSP-Conlutas incorpora o chamado internacional pela greve de mulheres e encaminhará uma carta às centrais sindicais propondo que nesse 8M se construa também um dia nacional de paralisação.
Em última reunião das principais centrais sindicais, em 26/2, representando a CSP-Conlutas, o dirigente Luiz Carlos Prates, o Mancha, apontou que a luta contra a Reforma da Previdência deve iniciar já nesse 8 de Março, fazendo o chamado para que todas as entidades fortaleçam a data e levem essa importante pauta para o dia.
É preciso resistir!
A convocação global do 8M é para denunciar a violência e o feminicídio em todo o mundo, além dos ataques dos governos neoliberais aos direitos mais elementares das mulheres trabalhadoras.
No Brasil, iniciamos o ano com mais de 100 casos de feminicídio e os números não param de crescer, da mesma forma que aumentam os números de estupros e agressões contra as mulheres.
O governo de Jair Bolsonaro (PSL) assumiu e colocou as mulheres em situação de maior vulnerabilidade. Não somente com seu discurso que incentiva o machismo, mas com medidas concretas ainda mais cruéis.
A Previdência Social das mulheres
As mulheres, que protagonizaram protestos do “Ele Não” em todo o país, enfrentam ataques ao seu direito de decisão por seu próprio corpo e sua vida, além de duras investidas que retiram direitos básicos.
O projeto de Reforma da Previdência, por exemplo, para as mulheres representa um retrocesso ainda maior. A proposta de Bolsonaro aumentará a idade mínima para 62 anos e o tempo de contribuição para 40 anos para que as mulheres possam se aposentar. Isto é inaceitável diante da tripla jornada cumprida pela maioria das trabalhadoras.
A proposta de capitalização da Previdência impõe na prática a responsabilização individual do trabalhador pela sua aposentadoria. Para as mulheres, que muitas vezes precisam interromper o trabalho formal para dar conta de múltiplas tarefas, como será possível pagar por esse modelo de previdência privada?
E enquanto a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, diz que “mulher tem que ficar em casa”, as donas de casa e mulheres mais pobres, que não têm como comprovar renda, receberão menos de um salário mínimo pelo BPC (Benefício de Prestação Continuada), que será desvinculado do salário mínimo.
Damares quando diz que “mulher nasceu para ser mãe”, ignora ou faz vista grossa também para o fato de que, com a restrição dos benefícios previdenciários, como auxílio-doença e acidente e licença-maternidade, até mesmo o direito de ser mãe fica prejudicado.
Violência contra a vida das mulheres
A ministra Damares ainda aponta políticas reacionárias contra bandeiras históricas do movimento feminista, entre elas a luta pela legalização do aborto.
Em Manifesto do Setorial de Mulheres da CSP-Conlutas, é destacado o alerta de que “volta a tramitar na Câmara de Deputados o projeto que visa proibir o aborto, mesmo nos casos de violência sexual ou risco a vida da gestante. Também querem impedir e penalizar as mulheres que façam uso de anticoncepcional, dentre outros absurdos”.
No Brasil, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) a cada dois dias morre uma mulher devido a complicações por aborto clandestino. Entre 2010 e 2014, 6,4 milhões de abortos foram realizados na América Latina. Desses números, 76,4% de abortos foram realizados por procedimentos ilegais e inseguros.
As mulheres indígenas, quilombolas, trabalhadoras do campo, que já são expostas a extrema violência pelo latifúndio, estarão ainda mais vulneráveis ao ambiente de miséria e desamparo econômico e social, agravado pelo discurso de ódio do atual presidente e de sua equipe de governo.
Não esqueceremos, queremos justiça
As mulheres negras e pobres são as principais vítimas dos feminicídios, as mulheres LGBTs sofrem com o estupro corretivo, e as mulheres trans têm expectativa de vida de 37 anos, dada a violência que enfrentam todos os dias.
A morte da vereadora Marielle Franco (Psol), que lutava contra os ataques às mulheres LGBTs, mais pobres e marginalizadas e negras da periferia, completará um ano em 14 de março.
Os mandantes e assassinos de Marielle e de seu motorista Anderson Coelho ainda não estão presos e o crime segue sem resolução.
Estaremos nesse 8 de Março em defesa das mulheres LGBTs e por justiça para Marielle e Anderson!
Preparar um forte 8 de março
Diante de tantos ataques desse governo, é fundamental a realização de grandes atos e manifestações em 8 de Março.
Vamos convocar e construir os atos denunciando a violência machista e o projeto da Reforma da Previdência como bandeiras principais.
Também vamos levantar as bandeiras de luta pela defesa da saúde e educação públicas, pois o congelamento de gastos, aprovado ainda no governo Temer, ataca diretamente as mulheres da classe trabalhadora; pela universalização das matrículas em creches e escolas públicas, gratuitas e de qualidade; e pela ampliação e defesa do SUS.
Confira os materiais de divulgação do dia:
Lista parcial de atos do 08 de Março pelo Brasil
Às 16h, no MASP
Bloco do MML vai se concentrar em frente ao Fórum Ministro Pedro Lessa
Às 17h, em frente a prefeitura velha, no Largo Glênio Peres
Às 16h, Candelária. MML concentra na Praça XV
Às 17h, praça da estação
Às 17h, praça da estação JF
Concentração às 16h30, na praça Tiradentes, saindo em direção às prefeitura a partir das 17h
Às 16 h, praça Theodomiro Santiago
Às 13h na Praça da Sé.
Bloco do MML se concentra na Praça Municipal, às 12h30
Às 16h, na Praça da Liberdade
Às 15hs, praça da Defensoria Pública do estado do Espírito Santo
Às 14h ato unificado, concentração na Praça do Derby
Às 15h concentração na Praça Veiga Cabral, 16h caminhada pelo centro comercial e chegada na Praça Floriano Peixoto onde seguirá uma programação política e cultural
Às 14h, Praça da Saudade
Concentração às 15, na sede do INSS, no Centro
Às 08h30, no Mercado de São Brás