O 1º turno das eleições reafirmou a polarização política e social que estamos vivendo. O sentimento de indignação e a insatisfação com os governos e políticos fez colocar na disputa do 2º turno, os dois candidatos mais rejeitados pela população. Jair Bolsonaro do PSL e Haddad do PT.
De um lado, um candidato que representa um discurso de ódio aos setores mais oprimidos e defende a tortura e a ditadura, do outro, um candidato que representa o projeto do PT, de conciliação de classes.
O resultado do 1º turno demonstra que a população está indignada com a falta de emprego, o aumento da violência e com a corrupção, e não agüenta mais essa guerra social contra os pobres mascarada pela crise dos ricos.
Mas essa revolta também se expressa nas ruas. Apesar dos duros ataques aos direitos, assistimos diversas mobilizações, manifestações, ocupações e greves por toda parte do País. Destacamos a grande greve da saúde de 100 dias que conseguiu derrotar o pacote de maldades do governo Robinson (PSD) e recentemente o grandioso ato do #EleNão, contra Bolsonaro, no dia 29 de setembro, promovido pelas mulheres em todo o Brasil.
Queremos dialogar com você que vai votar em Bolsonaro para dar um troco no PT. Acreditamos que a sua revolta é válida e expressa a traição deferida aos trabalhadores durante os 14 anos de governo do PT. Mas queremos alertar para o perigo que iremos enfrentar caso Bolsonaro se eleja.
Primeiro, gostaríamos de reforçar o papel importantíssimo do Sindsaúde na luta de classes no estado do RN. É um sindicato combativo e que sempre está na luta, não só dos trabalhadores da saúde, mas das demais categorias. Acreditamos que ter uma posição política nesse segundo turno é um ato de resistência. Nossa intenção é alertar os trabalhadores para a ameaça aos ativistas e a própria existência do nosso sindicato. O chamado “fim do ativismo”, defendido por Bolsonaro, que coloca o fim ao direito de lutarmos e fazermos greves, um direito conquistado de todo trabalhador.
Bolsonaro representa um discurso de ódio às mulheres, negros e negras, camponeses, índios, quilombolas, LGBTs e nordestinos. Fruto desse discurso, estamos assistindo a brutais episódios de agressões, espancamentos e até assassinato de pessoas pelo fato de expressar em sua oposição a esse projeto excludente, opressor e defensor do fim das liberdades.
Jair Bolsonaro defende um projeto de ditadura para o nosso país. Defende a tortura e a ditadura militar que existiu no Brasil após o golpe militar de 1964. Talvez os mais jovens não saibam o que é viver na ditadura, mas quem é mais antigo sabe que os tempos de chumbo não foram fáceis, e deixou cicatrizes em nossa história até os dias de hoje.
Para defender os interesses dos grandes empresários e dos bancos, a ditadura prendia, torturava e chegava a assassinar os que discordavam, os que ousavam fazer oposição. É isso que Bolsonaro e o seu vice, o general Mourão, dizem que vão fazer no país “se for necessário”.
Nesse sentido, denunciamos e repudiamos o oportunismo escancarado do candidato ao governo do RN, Carlos Eduardo do PDT, que declarou apoio à Bolsonaro. Carlos Eduardo foi prefeito de Natal por quatro vezes e atacou duramente os servidores. Com o apoio de Bolsonaro, os ataques serão ainda mais cruéis.
O Sindsaúde-RN decidiu indicar o voto no 13, em Haddad neste segundo turno para derrotar Bolsonaro. O objetivo é nos somarmos na luta para impedir que o mesmo chegue a ser Presidente da República.
No entanto, reafirmamos que esse posicionamento não significa alimentar ilusões ou apoio político ao PT e seu projeto de colaboração de classes, contra o qual, aliás, sempre lutamos e tivemos de enfrentar durante mais de uma década. Continuaremos defendendo a independência de classe e seremos oposição a um eventual governo do PT desde o seu primeiro dia.
Nossa tarefa é derrotar essa candidatura nas urnas e nas ruas, pois, se eleito, Bolsonaro vai governar e atacar as mobilizações, as lideranças e as liberdades democráticas. Ele o fará com o apoio ativo do aparelho repressor das Forças Armadas, como ele mesmo anuncia. É, especialmente, por esse motivo que temos de derrotá-lo.